do Último Segundo
Lançando o quarto CD de sua carreira, “Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos”, título inspirado no livro “A Metamorfose”, de Franz Kafka, Otto Maximiliano, 41 anos, fala de tudo abertamente. Inclusive de sua relação intempestiva com a cerveja. “Bebo uma média de doze chopes por dia. Sou alcoólatra, porque a bebida me faz ter agressividade. Quando bebo, fico mais propício a me envolver com briga, discussão, essas coisas... Não chega à agressão física. Mas é um incômodo o que ela faz com a gente”, afirma, para em seguida criticar a propaganda de cerveja em eventos esportivos e culturais. “Tenho medo da seleção de futebol que junta atleta com cerveja. Futebol tem um público incrível de crianças. O pior exemplo é o Dunga vendendo álcool na TV”, diz.
Durante o papo, Otto lista vários outros de seus “sonhos intranquilos”. Fala o que pensa e chuta longe as fofocas sobre traição, principalmente as de quando esteve casado com a atriz Alessandra Negrini. Para completar, o cantor, fruto de uma boa geração musical do Nordeste, avisa que quer conquistar seu espaço. “Sei que tem Gil, Caetano, Chico e vai ter Otto também. Dessas dez cadeirinhas da MPB, uma eu vou querer, uma é minha”, afirma.
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G: O Governo estuda abrandar as leis antidrogas para usuários de maconha. O que acha disso?
Otto: Virei músico porque fumava maconha e não queria mais estudar. Sou a favor da liberação, mas é uma discussão tardia. É importante que vejam a questão do crack. O crack está acabando com Recife, está um horror. A quantidade de crianças de 12 anos viciadas, andando pelos bairros de classe média, só aumenta a cada dia... Há uma onda de conivência com um problema que vem matando uma geração. A sociedade ainda discute a maconha, enquanto que o problema já avançou.
iG: Como é sua relação com as drogas?
Otto: Maconha é verde, é natural. Se tem uma coisa da qual eu não vou ter medo, é o dia que um filho vier me dizer: “Papai, eu fumo maconha”. Não tem problema, é planta. E olha que eu fumei, cheirei, já fiz de tudo nesta vida, experimentei essas porras todas.