do Zero Hora
Longe de serem fortalezas de traficantes, como ocorre no Rio, as vilas de Porto Alegre apresentam semelhanças preocupantes com os morros cariocas.
As polícias ainda não precisam montar operações de guerra para retomar os territórios, mas o tráfico impõe um cotidiano de medo e silêncio para milhares de pessoas, como Zero Hora comprovou ontem ao percorrer as vielas de cinco dos territórios mais dominados pelos criminosos e tentar conversar com os moradores.
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Assim como no Rio, na Vila Maria da Conceição, no bairro Partenon, o líder da quadrilha que age na área, Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão, parece manter o seu poder mesmo confinado em uma cadeia. No posto de saúde e na creche da Rua Mário de Artagão, funcionários baixam a cabeça e preferem não falar, com receio de represálias. Na esquina, adolescentes de boné e bermuda ficam à espreita, observando toda a movimentação. A maioria dos moradores se esquiva das perguntas. Poucos têm coragem de falar. E, quando abrem a boca, evitam dizer o nome. Saindo do posto, uma moradora aceita contar, mas com uma condição:
— Nunca falei contigo.