da EFE
Viena, 18 jul (EFE).- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende a necessidade de mudar os acordos internacionais das Nações Unidas sobre entorpecentes para escapar da "fracassada" guerra contra as drogas.
FHC é um dos signatários da Declaração de Viena, um documento chave da XVIII Conferência Internacional de Aids que começa hoje, e que considera que as atuais políticas contra a toxicomania contribuem para a difusão da epidemia entre os usuários de drogas injetáveis.
O ex-presidente assinou a declaração junto a outros antigos presidentes latino-americanos, como o mexicano Ernesto Zedillo e o colombiano César Gaviria, assim como escritores como o peruano Mario Vargas Llosa, Paulo Coelho e o nicaraguense Sergio Ramírez.
"Pela experiência que temos aqui na América Latina, a guerra contra as drogas fracassou. Aqui há um esforço enorme, olhe o México, um esforço hercúleo. Igual na Colômbia. Se controla algo, mas a produção segue alta", disse FHC em entrevista à Agência Efe.
"Enquanto houver um consumo em ascensão, a droga é muito difícil de controlar. É preciso enfocar a droga, sem deixar de combatê-la, na redução do consumo e como um assunto de saúde. Se não, não há saída", afirmou.
O ex-presidente ressaltou que "o usuário não deve de ser tratado como um criminoso, tem que ser tratado como alguém que necessita de um apoio médico e hospitalar".
Precisamente por isso, ele respaldou a Declaração de Viena (www.ladeclaraciondeviena.com), ao entender que ao criminalizar ao consumidor de drogas o Governo o afasta da assistência sanitária e piora a luta contra certas doenças transmissíveis.
Fora de África Subsaariana, uma entre cada três novas infecções por HIV se produzem pelo uso de drogas injetáveis, segundo a ONU, e a Europa oriental e Ásia Central são as únicas regiões do planeta nas quais as transmissões seguem aumentando, e as drogas são o principal fator de contágio.