do Blog do Dep. Paulo Teixiera
A marcha da maconha, que ocorreu ontem (23) em São Paulo, foi realizada sob a tensão de uma liminar do Tribunal de Justiça. Tal liminar permitia que a polícia prendesse qualquer manifestante que fizesse apologia ao uso da droga.
Assim, o que era para ser um evento de liberdade de expressão foi uma demonstração da repressão da polícia do estado. Infelizmente, eu mesmo presenciei pessoas sendo ameaçadas pelos policiais.
Conforme relata reportagem da Folha de S.Paulo de hoje (24), também tive de intervir para que um rapaz não fosse preso. Ele segurava um cartaz que dizia: “Não fumo, não compro, não vendo e não condeno”.
Veja mais detalhes no vídeo acima e confira a seguir a íntegra da reportagem:
Vetada pela Justiça, marcha da maconha vira marcha da mordaça
A marcha da maconha, que deveria ter sido realizada ontem no parque Ibirapuera (zona sul de SP), transformou-se em uma “marcha da mordaça”, graças a uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo que proibia a realização do evento.
Segundo a decisão, os manifestantes não poderiam se pronunciar em favor da legalização da erva, sob pena de serem presos e processados por apologia ao crime.
Em protesto, os cerca de 300 participantes presentes ao evento -segundo a PM-, resolveram amarrar camisetas ao redor da boca.
A Polícia Militar exigiu ainda que todos os cartazes que continham desenhos da folha da cannabis e palavras de ordem como “legalize já” fossem escondidos.
Camisetas do coletivo Marcha da Maconha, que têm um trecho do artigo 5º da Constituição (“Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização”), também tiveram de ser retiradas.
“Tudo que seja entendido como apologia, será interpretado como crime”, disse o 2º tenente Marinho da PM, que não soube explicar que critérios usaria para tal definição.
O professor de inglês Fábio Harano, por exemplo, quase foi levado ao 36º DP por exibir um cartaz com a seguinte inscrição: “Não fumo, não compro, não vendo e não condeno”. Livrou-se da detenção graças à intervenção do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
A ex-subprefeita da Lapa Soninha Francine foi à manifestação e acusou a Justiça de estar caluniando o movimento de legalização.
“A Justiça está imputando ao movimento uma intenção equivocada. O que as pessoas estão dizendo aqui é que querem comprar uma substância de comerciantes legalizados e não mais terem de se relacionar com o crime. Estão nos caluniando.”
CONFRONTO
Durante a marcha, a ação da PM consistia em retirar cartazes e adesivos dos manifestantes e, se fosse o caso, encaminhá-los ao 36º DP.
Um estudante, que se recusou a jogar fora um adesivo com um pequeno desenho de uma folha de Cannabis sativa (nome científico da maconha), foi ameaçado.
“É melhor você correr porque eu vou te pegar lá fora!”, disse um soldado que não respondeu à reportagem qual seria o crime que o rapaz teria cometido.
Já no fim da marcha, outro policial usou spray de pimenta contra a reportagem da Folha, que acompanhava a prisão de um rapaz que carregava o cartaz com a frase “não compre, plante”.