segunda-feira, 1 de março de 2010

Gandhia: A PM e o teatro do ridículo no pilotis do Masp

do SobreDrogas

A essa altura, quem acompanha o assunto já sabe de tudo. Mas para efeito de registro, este blog - que ausentou-se do mundo civilizado no fim de semana - publica como foi o evento Gandhia, em defesa da legalização da maconha, marcado para ocorrer no pilotis do Masp, em São Paulo, no último sábado à tarde. Ou melhor, como não foi. Pois na verdade o evento não aconteceu como previsto. A Justiça proibiu.

Apesar dos organizadores terem se apressado em alterar o polêmico conceito inicial da manifestação - trocando o controvertido e ilegal uso de maconha em público pelo uso de cigarros de orégano ou similares, apenas para chamar a atenção para a discussão -, a medida não sensibilizou o Ministério Público de São Paulo, que pediu e conseguiu a proibição do ato. Como já ocorrera anteriormente com a proibição de uma outra manifestação, a Marcha da Maconha, o MP paulista alegou possível crime de apologia ao uso de drogas. E a Justiça, ao aceitar o pedido, novamente ignorou o direito garantido pela Constituição de livre manifestação.

Como resultado, às 16h20 de sábado, hora marcada para a realização do ato, nada menos que 60 policiais em 12 viaturas se posicionaram nas imediações do Masp. Segundo a Folha de São Paulo, 60 foi também o número de pessoas que compareceram ao evento, perfazendo a patética relação de um policial para cada manifestante. Nunca uma passeata foi tão "segura" no Brasil.

Mas como os manifestantes não estavam lá para fumar maconha, e sim distribuir flores e panfletos, não sobrou muita coisa para os agentes de segurança pública fazerem. Mesmo assim eles tentaram justificar a exagerada presença: espalharam-se, de olho comprido, por todos os grupinhos que se formavam pelo pátio do Masp. Tal e qual inspetores de colégio, procuravam um sinal, um ato falho que justificasse busca, apreensão e prisão. Mas ninguém foi preso, para desgosto dos fotógrafos e cinegrafistas de jornais e programas de TV populares que lá estavam.

No fim, os policiais ainda impediram que uma faixa branca com o nome do coletivo Gandhia fosse colocada no chão e coberta de flores. Alegaram que a faixa atrapalhava o fluxo de pedestres no pátio do Masp. Sessenta soldados destacados para proteger o fluxo de pedestres nos fundos da Avenida Paulista. E assim se gastou o dinheiro do contribuinte paulistano na tarde do último sábado.

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O curioso é que, apesar do flagrante desrespeito às liberdades civis (manifestado tanto na decisão da Justiça quanto na "estratégia" da PM), é inegável que o evento trouxe de novo os holofotes para o tema da descriminação da maconha. Até o ex-presidente FHC falou sobre o assunto. Tudo isso fez da ideia - nascida dentro de um blog quase desconhecido de ativistas paulistanos - virar assunto nacional. Tanto que o Gandhia já tem nova realização garantida ano que vem. Quiçá muito maior, mais bem organizado e, principalmente, sem mal-entendidos com a Justiça.

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