domingo, 13 de novembro de 2011

Por que eu estou com os meninos da USP e não abro

Fonte: Blog da Hildegard Angel

Fui ontem a um almoço, numa casa muito bonita, de pessoas muito bonitas. As mulheres eram amáveis, os homens importantes. Empresários respeitados, industriais, jornalistas de fama e uma vereadora combativa da cidade do Rio de Janeiro. A horas tais, à mesa, solto esta: "Estou com os meninos da USP e não abro!". Para escândalo do jornalista ao meu lado, meu conhecido de há mais de 30 anos, que reaje: "Pô,Hilde, não diz uma bobagem dessas!". E eu, que não dispenso uma polêmica com bom caldo, desfio minhas razões, sem vírgula, nem pausa, nem ponto e vírgula:

Meu encontro com Nem

Fonte: Época

RUTH DE AQUINO

Era sexta-feira 4 de novembro. Cheguei à Rua 2 às 18 horas. Ali fica, num beco, a casa comprada recentemente por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, por R$ 115 mil. Apenas dez minutos de carro separam minha casa no asfalto do coração da Rocinha. Por meio de contatos na favela com uma igreja que recupera drogados, traficantes e prostitutas, ficara acertado um encontro com Nem. Aos 35 anos, ele era o chefe do tráfico na favela havia seis anos. Era o dono do morro.

Queria entender o homem por trás do mito do “inimigo número um” da cidade. Nem é tratado de “presidente” por quem convive com ele. Temido e cortejado. Às terças-feiras, recebia a comunidade e analisava pedidos e disputas. Sexta era dia de pagamentos. Me disseram que ele dormia de dia e trabalhava à noite – e que é muito ligado à mãe, com quem sai de braços dados, para conversar e beber cerveja. Comprou várias casas nos últimos tempos e havia boatos fortes de que se entregaria em breve.