domingo, 11 de abril de 2010

O uso da maconha no tratamento da síndrome de Tourette

Do Terra

"Existe uma coisa que ajuda a minha Tourette mais do que qualquer outra, e é maconha", diz Louis Centanni, ator e comediante de 24 anos. Os doutores Robert A. King e James F. Leckman, da Escola de Medicina de Yale, que recentemente se juntaram ao blog Consult para responder às perguntas dos internautas sobre a síndrome de Tourette, respondem aqui a leitores perguntando sobre o uso da maconha como alívio para os tiques, vocalizações e cacoetes da doença.

P: Estudos clínicos demonstraram que a maconha pode ser efetiva no alívio dos sintormas dessa doença? Como as substâncias da maconha ajudam os pacientes de Tourette, e outros tipos de drogas depressoras também ajudam?

R: Vários indivíduos com Tourette severa usam regularmente maconha e reportam que ela acalma e alivia seus tiques. Alguns poucos ensaios clínicos randomizados do Delta 9-tetra-hidrocanabinol, ou THC, o ingrediente ativo da maconha, foram realizados.

Crack, nem pensar! – Derrubar a “lei do usuário”

Do Click RBS

A questão envolve inúmeros aspectos, entre eles os legais. Há um grande problema na lei: ela não distingue o usuário do dependente químico. O usuário é quem trabalha e no fim de semana usa a droga. E com isso, incentiva o tráfico. O dependente químico é uma pessoa que não pode ter uma vida normal longe da droga.

Há um abrandamento legislativo muito grande, representado pela “lei do usuário” [a 11.343, de 2006]. Está causando a falsa impressão de que usar droga não dá mais nada. Por isso, ocorre o uso desenfreado – como uma matéria recente mostrou na TV o consumo de crack em Brasília, nas barbas do poder público. Se você for a uma praça, vê alguém invariavelmente fazendo uso de maconha e crack. Passa de carro, tem alguém pedindo dinheiro para usar droga – já aconteceu com tudo mundo, inclusive comigo. Perdeu-se o medo, as coisas estão ficando descaradas.

Acho que a sociedade não está preparada para ser tão complacente em relação à droga – e nem merece isso. As polícias continuam tomando as mesmas medidas de antes. Mas o procedimento pelo qual a pessoa passa e nada são a mesma coisa. Dá um termo circunstanciado, o cidadão é levado a um juizado especial e lá ele vai ser advertido dos efeitos da droga. Isso vai ter algum efeito? Efeito nenhum. Apenas gera uma cultura de omissão e até de incentivo ao uso da droga.

Estratégia de combate à droga ameaçada por falta de técnicos, em Portugal

Do Publico

Paula Vitória, responsável no Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) pelo Gabinete de Apoio à Dissuasão, diz que estes jovens são o exemplo de "um bom uso da lei" que há quase nove anos deixou de considerar crime a posse e o consumo de drogas até determinadas quantidades. Antes de 2001, "estes jovens iriam a tribunal, seriam vistos como criminosos e ficariam com cadastro, o que iria prejudicá-los quando fossem à procura de emprego".

Hoje, o regime legal português é elogiado internacionalmente e foi mesmo copiado por alguns países. Mas há problemas no terreno: um terço das 18 CDT estão "desfalcadas" de técnicos, há sanções que se mostraram impossíveis de executar e milhares de processos prescreveram.

Para Paula Vitória, a grande virtude da lei foi "a humanização e não estigmatização de consumidores" - e volta aos jovens que foram apanhados na Páscoa. Sendo a sua primeira vez numa CDT, os seus processos ficam automaticamente suspensos. Cabe então aos técnicos alertarem-nos para o perigo do consumo de substâncias, como a cannabis, que podem ver como inócuas; em situações em que o consumo está, por exemplo, associado a problemas como processos de divórcio, podem encaminhá-los para terapeutas em consultas de jovens ou centros de saúde.

Internação compulsória

Do Click RBS

É preciso uma política pública de tratamento. Faz 15 anos que o crack ganhou notoriedade e até hoje não há essa política. O Ministério da Saúde tem uma visão totalmente equivocada de ceder essa tarefa aos Caps, que são poucos e não têm um método pré-definido de trabalho nem a possibilidade de internação. Muitos Caps adotam a estratégia de “redução de danos” que não se adequa ao usuário de crack.

Significa, por exemplo, compensar a falta da droga com outras menos graves, como a maconha. Fora isso, não há quase nada de oferta ambulatorial, programas de assistência à família do dependente químico, distribuição de medicações (que, no caso do crack, ajudam muito na reabilitação), de busca ativa de pacientes que abandonam o tratamento ou mesmo de vagas para internações voluntárias. A família que tem dinheiro interna o parente em uma clínica particular – nenhum pai quer ver seu filho indo para o ralo sem fazer nada. O fato de o Sistema Único de Saúde não oferecer o serviço de internação involuntária é uma desassistência, uma omissão em relação às pessoas que dependem do SUS.

Pesquisas nos EUA mostram que uma internação, para ser efetiva, não tem de ser voluntária. É uma política ingênua achar que o usuário de crack nunca vai precisar de internações. Os leitos custam caro ao Estado, mas a pessoa sem tratamento acaba custando ainda mais. Em SP, o Estado, à revelia da União, uma unidade pública de atendimento a dependentes. Cada dia de internação custa R$ 100, mas devido à gravidade da situação, é preciso uma equipe grande e capacitada para lidar com casos complexos.