Fonte: Ajuris
A política de combate ao uso e tráfico de drogas ilícitas – a chamada guerra às drogas – é a responsável pelo aumento de prisões de mulheres, segundo relato da sub-procuradora-geral da República, Ela Wiecko de Castilho. A afirmação foi feita no Encontro Nacional sobre o Encarceramento Feminino, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta quarta-feira (29/6), em Brasília.
O fenômeno não é restrito, especificamente, ao Brasil. A sub-procuradora-geral citou pesquisa realizada em sete países sul-americanos mostrando que o consumo e o tráfico de drogas levaram à prisão a maioria das mulheres presas nos últimos anos. “Na Argentina, entre 65% e 70% da população carcerária respondem a crimes relacionados ao tráfico e uso de drogas.”
Conforme o estudo, reforçam essa tese três fenômenos recentes e comuns aos sistemas carcerários de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai: grande número de mulheres, “mulas” (pessoas que transportam drogas em troca de dinheiro) e estrangeiros presos crimes relacionados a drogas. “Essa realidade poderia ser diferente se mudássemos a política criminal de guerra às drogas”, afirma. A sub-procuradora-geral reforça que essa política criminaliza sobretudo as mulheres vulneráveis econômica e socialmente.