sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Artigo: Polícia e civilização

Fonte: Folha de São Paulo

HÉLIO SCHWARTSMAN

SÃO PAULO - Alunos da USP ocuparam um prédio administrativo com o objetivo de forçar a polícia a não atuar mais no campus. Ou eles são jovens e não sabem o que fazem, ou estamos diante de um movimento profundamente reacionário.

Uma das melhores coisas que aconteceram à humanidade foi a criação da polícia. Como mostra Steven Pinker em seu novo livro sobre a violência, o surgimento de Estados fortes na Europa do século 16, com suas milícias e o monopólio do uso da força, fez com que as taxas de homicídio ficassem de 10 a 50 vezes menores.

A provável origem da confusão da garotada é que, vencida essa fase, o principal perpetrador de violência deixou de ser a rivalidade entre clãs e bandos rivais para tornar-se o próprio Estado, que não raro se punha a perseguir, a torturar e a executar cidadãos por motivos às vezes tão banais como abraçar uma religião minoritária, fazer oposição política ou apenas ser diferente.

Policial usa camiseta com imagem de maconha em operação

Fonte: Agora

Um policial civil foi flagrado usando uma camiseta com imagem de folhas de maconha em operação contra o comércio ilegal de peças de moto na República (centro de SP).

A camiseta traz a frase "best buds stick together" (em tradução livre, "melhores camaradas colam juntos"); "stick" é uma gíria, em inglês, para "cigarro de maconha".

Segundo a Polícia Civil, a camiseta integra a estratégia nesse tipo de operação.

Foram apreendidas 3.635 peças de motos e oito lojas foram fechadas.

Após protestos, repressão e maconha convivem dentro da USP

Fonte: JB

Um carro da Polícia Militar passa em ronda pela Universidade de São Paulo a cada 15 minutos. Completamente vazio, um prédio no centro do campus é guardado por dois seguranças particulares e cercado por altas paredes de lata. Um bunker, na descrição de estudantes. Membros da Guarda Universitária circulam em volta - e por cima - de faculdades e áreas de movimento.

Alheio ao homem de farda que olha feio para quem se aproxima do prédio em reforma, futura sede da Reitoria, um grupo acende um baseado no gramado em frente, nos fundos da Escola de Comunicações e Artes. Dois homens e duas mulheres, eles discutem amenidades ao ar livre, numa área em que muitos circulam à luz das 17h do horário de verão.

A USP mudou. O reforço na segurança e a presença da PM eram improváveis há poucos anos e provocaram um conflito entre alunos e policiais depois que estudantes foram detidos por usar maconha. Ao mesmo tempo, há coisas que continuam iguais. Para quem acende os baseados - estopins de uma onda de manifestações contra a "repressão" - não parece ter havido grande alteração na direção dos ventos.