terça-feira, 6 de julho de 2010

Maconha: entre liberdade de consumo e financiamento do tráfico

da Globo.com

Artigo do leitor Sergio Vidal*

Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado no último dia 23 de junho, 190 milhões de pessoas em todo o globo haviam fumado maconha ao menos uma vez na vida em 2008, número equivalente ao da população brasileira. Sendo a maconha a droga ilícita mais consumida, seus usuários são muitas vezes apontados como responsáveis por boa parte do financiamento do atual mercado, que em sua maioria tem forte relação com a criminalidade e com a violência.

Durante muitos anos, reproduzimos essa equação simplista sem maiores reflexões, recitando por aí o principal mantra do proibicionismo: "Os usuários são os principais responsáveis pelo financiamento da violência". Muitos devem lembrar que, em 2007, ano de lançamento do filme "Tropa de Elite", era comum ver Capitão Nascimento afirmando "Quem matou esse cara aqui foi você! É você que financia essa m...!" enquanto esbofeteava o maconheiro e era aplaudido pela plateia nos cinemas.

Mas será que essa afirmação é 100% verdadeira? Será que hoje em dia é assim tão fácil por a culpa nos usuários de maconha pela manutenção do poder econômico dos traficantes?

NOSSA OPINIÃO: Equívocos na guerra

da Globo.com

Estima-se que os Estados Unidos já tenham enterrado meio trilhão de dólares na guerra contra os entorpecentes. Como decorrência social de seu programa antidrogas, o país mantém 500 mil usuários presos. A posição americana na política de combate ao tráfico e ao consumo, centrada no viés policial-militar, é predominante em todo o mundo. Mas, apesar dos pesados investimentos do governo dos EUA, em dinheiro e em pessoal, o mercado de drogas não dá sinais de encolhimento, movimentando em média, por ano, cerca de US$ 320 bilhões em todo o mundo. Como é consenso que o uso de entorpecentes prejudica a saúde e, nas regiões do planeta onde o abastecimento das substâncias passa pelo tráfico, alimenta índices de criminalidade, é evidente que tal programa, mesmo contando com a simpatia de boa parte da sociedade, está atolado em algum equívoco.

Na verdade, pode-se apontar não um, mas dois equívocos nesta maneira de enfrentar um flagelo que atinge milhões de vítimas no planeta. O primeiro diz respeito a uma suposta solução definitiva para o problema, o que é uma utopia. A luta contra os entorpecentes não se ganha - administram-se danos e fixam-se objetivos que visem a reduzir, e tanto melhor quanto o for mais radicalmente, seus efeitos na sociedade. O segundo é decorrência da visão estreita dos senhores da guerra antidrogas: tratar a questão preferencialmente com o tacão das delegacias (ou de tropas militares), em vez de adotar programas em que consumidores sejam vistos não como criminosos, mas como pessoas que precisam de cuidados médicos, não contribui para melhorar estatísticas. Quando muito pode render sucessos episódicos, quase sempre resultado de mudanças no perfil do consumo. Um mercado que, mesmo submetido a constantes ataques, movimenta anualmente mais de US$ 300 bilhões é convincente indicativo dessa realidade.

Mudanças de comportamento de países em relação às drogas são, por sua vez, evidência de que há alternativas positivas nas táticas dessa guerra. O exemplo mais emblemático está em Portugal. Até 2000, o país tinha as estatísticas mais preocupantes da Europa, com a mais grave epidemia de drogas de sua história. Contabilizavam-se 150 mil viciados em heroína (1,5% da população). O governo português apostou suas fichas na descriminalização. A polícia deixou de prender quem porta pequenas quantidades de entorpecentes. Em lugar de punição, os usuários flagrados passaram a ser encaminhados para tratamento médico. Os resultados apareceram: entre 2001 e 2006 despencaram os índices de morte por overdose e de pessoas contaminadas pelo HIV (em razão do compartilhamento de seringas com parceiros infectados). Houve uma queda no consumo de todas as drogas, em todas as faixas etárias.

São números incontestáveis em favor de uma política que junte a descriminalização (dando ao traficante o rigor da lei, e, ao viciado, apoio médico) e uma visão predominantemente de saúde pública (reduzir danos sociais, em vez de agravá-los com a condenação de viciados, caminho certo para aumentar o número de pessoas cooptadas para o tráfico). Sobretudo, é imperioso adotar uma atitude equilibrada entre as ações de prevenção e repressão, estas centradas no controle do crime organizado transnacional.

O certo é que não basta um país isoladamente ter atos liberalizantes. Sem que os grandes mercados consumidores adotem a mesma política, este país atrairá usuários e máfias de traficantes.

Brasília é o segundo lugar do país onde as mulheres mais consomem álcool

do Correio Braziliense

As mulheres do Distrito Federal são as segundas no ranking das que mais consomem bebida alcoólica no país. É o que apontou uma pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2009, do Ministério da Saúde. O levantamento foi feito nas 27 unidades da Federação e divulgado no mês passado. Entre as entrevistadas brasilienses, 16,5% afirmaram ter ingerido quatro ou mais latas de cerveja ou quatro doses de bebidas destiladas em uma só ocasião, nos últimos 30 dias. Essa quantidade é considerada abusiva pelo ministério. As brasilienses ficam atrás apenas das mulheres de Salvador (BA), onde 17,1% admitiram ter o hábito de beber além da conta indicada. O terceiro lugar ficou com Vitória (ES), com 14,8%.

Os números, porém, não são sobre alcoolismo (veja Palavra de especialista) e apenas tentam refletir os hábitos da população. Somente maiores de 18 anos foram entrevistados. Basta olhar para as mesas de bar em Brasília para confirmar as estatísticas. A servidora pública Eliane Gaspar, 43 anos, moradora da Asa Sul, vai a bares pelo menos três vezes por semana. Costumar beber, em média, duas garrafas de cerveja quando sai. Ela não considera a quantidade um abuso.

“Eu bebo bem, tomo uns oito copos. Ir ao bar é legal para encontrar os amigos, conhecer gente nova, relaxar e se divertir. Não tem nada demais”, afirmou. A amiga de Eliane e também servidora pública Gabriela Novaes, 38, não gosta tanto assim de beber, mas acaba tomando um ou dois copos de cerveja quando vai ao bar. “Não tenho costume, mas bebo só para acompanhar os amigos. Por iniciativa própria, eu nem beberia”, disse Gabriela. As duas são saudáveis.

Prisão de barão da droga no Paraguai abala tráfico no RS

 do Zero Hora

O fornecimento de droga ao Rio Grande do Sul sofreu um duro golpe no sábado, com a prisão de um dos maiores barões do tráfico do continente, o gaúcho radicado no Paraguai Erineu Soligo, o Pingo.

Sua captura foi a mais importante de uma série de detenções recentes, que desmantelaram as quadrilhas responsáveis pela maior parcela da droga comercializada no Estado. A ofensiva contra os cartéis enfrenta agora o desafio de bloquear a reorganização do narcotráfico.

Soligo foi detido pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) paraguaia, em uma de suas fazendas, na região de Pedro Juan Caballero. No local, os policiais apreenderam armas, além de R$ 51 mil, US$ 10 mil e 12 mil euros. Soligo era o traficante mais procurado do país. Sua importância era tal que o próprio presidente, Fernando Lugo, foi até a sede da Senad para recolher informações. O filho de Pingo, Jonathan Soligo, foi preso ontem no Mato Grosso do Sul.

Encontro discute formas de combater o crack em Pernambuco

do PE360 Graus

O primeiro encontro da Rede Estadual de Enfrentamento ao Crack vai reunir, nesta segunda-feira (5), profissionais que vão elaborar ações para combater a venda e o vício da droga em Pernambuco. Esse encontro começa às 8h, na faculdade Maurício de Nassau, no Recife. Foram inscritas 500 pessoas de vários movimentos sociais.

Um dos palestrantes é o médico psiquiatra Evaldo Melo (foto). Ele explica o processo de comoção em torno da droga. “O processo é semelhante ao que tivemos com a Aids. Quando matava os negros da África, ninguém se preocupava. Mas quando começou a matar os brancos da Califórnia e da Europa, começou uma grande mobilização. Nós acompanhávamos o crescimento do uso do crack. No entanto, quando matava os pobres não se dava tanta importância”, contou.

“O crack vem da cocaína. A velocidade de dependência do crack é diferente, é mais rápida. Como o crack é fumado, vai diretamente para o cérebro. Com isso a pessoa entra em um estado de excitação ou de prontidão para ação. Você fuma uma pedra de crack e, depois de 10 minutos, já precisa de outra. Causa uma degradação social muito grande. Mas a pessoa não fica viciada na primeira vez que fuma, isso é mito”, explicou Evaldo.

De acordo com o psiquiatra, a relação entre traficante e usuário também é diferente. “Em relação à maconha e cocaína, há um respeito do traficante com o usuário. Com o crack não. Há uma desqualificação da pessoa”, disse.

A solução, para Evaldo, deve vir do Estado. “Eu sempre defendo que a gente tem que ter em relação ao crack a mesma orientação que temos com outras drogas. O poder público deve ter ações de combate. A gente tem que dizer que o poder público tem que se preparar. A formação deve ser maior nas universidades e treinamento melhor para as pessoas que passam em concurso público”.

Quem quiser informações sobre locais que atendem dependentes de drogas, pode ligar para o telefone da Central Vida Nova: 0800 281 6093.

Psicoterapeuta é presa na Suíça por tratar pacientes com alucinógenos

do G1

Uma psicoterapeuta suíça foi condenada nesta segunda-feira (6) por um tribunal de Zurique a 16 meses depreisão por ter tratado seus pacientes, alguns deles pertencentes à famílas tradicionais da cidade com substãncias como LSD, êxtase ou mescalina.

Entre 2004 e 2008, durante os fins de semana, a psicoterapeuta, que hoje tem 62 anos, organizava sessões de grupo com cerca de sessenta personas, entre elas médicos, advogados ou socialites.

Os participantes tinham de pagar 300 francos suíços (ou U$ 280) para essas sessões extras,  durante as quais, segundo o ministério público, eram entregues cerca de 700 doses de LSD, a mesma cantidad de êxtase, 50 de mescalina e 150 de 2-CB, uma droga alucinógena de síntese cuja estrutura é similar à da mescalina.

A psicoterapeuta, acusada por uma promotoria ligada ao combate do narcotráfico, explicou ao tribunal que esses produtos não eram drogas, apenas "sustâncias que permitem uma maior ampliação da consciência".

O tribunal negou o pedido de absolvição apresentado pela defensa da acusada, com também a acusação de tráfico de gassim como a acusação de tráfico de drogas "agravado".

Ela acabou condenada por violação da lei local sobre produtos terapêuticos. Além dos 16 meses de prisão, terá de pagar uma multa de 2 mil francos suíços (US$ 1.880).