Do Estadão
BELO HORIZONTE - Um foragido da Justiça condenado por tráfico internacional de drogas e formação de quadrilha precisou insistir para conseguir se entregar em Belo Horizonte. Ricardo Felix Ferreira, de 29 anos, que cumpria pena de oito anos de reclusão em Mato Grosso do Sul e estava foragido desde o fim de 2009, passou os últimos dois meses na capital mineira, sua cidade natal. Na noite de segunda-feira, porém, decidiu se entregar. Ele disse ter passado por três delegacias da Polícia Civil e dois batalhões da Polícia Militar, mas foi informado de que não havia nenhuma acusação contra ele.
Ferreira estava mesmo decidido a voltar para a prisão e se atirou em frente a uma viatura da PM. O foragido arrependido acabou sendo encaminhado para o Fórum Lafayette, onde, aproximadamente 12 horas depois, sua peregrinação terminou. Os policiais acessaram a rede Infoseg da Secretaria Nacional de Segurança Pública e só então a condição de Ferreira foi constatada.
Ele foi encaminhado para a Polinter mineira, que cumpriu o mandado de prisão enviado pela Polinter de Campo Grande. Na unidade policial, Ferreira contou sua história e foi encaminhado para exames de corpo de delito, sendo depois recolhido no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) São Cristovão, na Lagoinha, região noroeste de Belo Horizonte.
Ferreira foi condenado depois de ser preso pela Polícia Federal (PF) em 2004 quando tentava embarcar com drogas para Amsterdã, na Holanda. Cumpriu seis anos em uma penitenciária no Mato Grosso do Sul e há quatro meses conseguiu fugir. Para escapar, Ferreira se cortou na prisão e foi encaminhado para atendimento médico fora da unidade prisional. Foi quando aproveitou um descuido da escolta e fugiu.
Registro dos crimes
A justificativa da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) é que o Sistema de Informação Policial (SIP), banco de dados da Polícia Civil, acessado de todas as delegacias, somente registra dados estaduais e não identificou os crimes porque foram cometidos fora de Minas Gerais. Por meio de nota, a Seds afirmou que o acesso ao Infoseg é "restrito e não pode ser efetuado de qualquer delegacia, nem por qualquer policial civil".
"Além disso, por questões de segurança jurídica, é necessária a apresentação do mandado de prisão para o encarceramento de qualquer indivíduo. Está em discussão, em âmbito nacional, a implantação de um sistema integrado que reúna mandados de prisão e acautelamento de todo o País", afirmou no comunicado.
De acordo com Secretaria, o acesso à rede nacional de dados é disponibilizado a todas as instituições que atuam no campo da Justiça e segurança pública em Minas, "cabendo a cada órgão estabelecer os critérios para disseminação de acesso e utilização adequada do sistema".
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