Do Lance Net
Afastado do futebol por doping, o atacante Jobson, ex-Botafogo, tem esperança de que sua punição seja reduzida. Em entrevista ao LANCENET!, ele fala do drama do afastamento, do envolvimento com drogas e do sonho de voltar a jogar.
LANCENET! O que você fez após a condenação?
Fui para a minha cidade, Conceição do Araguaia (PA), para perto da minha família. Minha mãe sofreu muito, chorou muito. Foi uma tristeza enorme. Foi lá que encontrei força. Por um tempo achei que não ia mais jogar.
LNET! Até quando ficou lá?
Até março. Quando o Brasiliense quis me acolher e pagar meu salário, com a renovação por mais dois anos, vi que o pessoal tem um carinho grande por mim. Eles pagam meu salário direitinho, acreditam em mim.
LNET! Ser pai também ajudou?
Nossa! Quando chego do treino, o meu filho é o que tira o estresse. É o que me faz voltar a viver, a jogar. Tenho de fazer um gol para ele. Quero dizer na comemoração: "Victor Leandro, esse gol é para você". Minha mulher estava grávida durante tudo isso. Ela aguentou a barra do meu lado.
LNET! É o seu estímulo?
Sim. Quero voltar a jogar e dar exemplo para ele. Se eu parasse por aqui, meu filho ia ouvir que o pai dele era um drogado. Quero mudar isso. Meu filho ainda vai me ver jogando na Europa.
LNET! O que passou pela cabeça na confirmação do doping?
Pensei até em me matar num momento de fraqueza. Entrei em depressão, me tranquei num quarto e tive vontade de tomar remédios para me matar. Naquele momento, eu coloquei os joelhos no chão e pedi desculpas para Deus. Chorei demais por muito tempo. Não tenho mais lágrimas. Agora tento não pensar muito nisso, não lembrar.
LNET! Você usou crack mesmo?
(Jobson para de falar por alguns segundos, mas faz sinal de positivo com a cabeça). Crack é f... Eu consegui sair. Quando não tinha dinheiro cheguei a vender meu celular. Ele (o crack) faz você fazer coisas que jamais faria.
LNET! Mas como você conseguia jogar depois de consumir droga?
Não usava drogas todos os dias. Era quando ia em festinhas. Eu dava uns tapinhas. Lá no Rio era a mesma coisa. Essa droga acaba com seus neurônios. Você fica louco, com medo das pessoas. Hoje, vejo que isso não combina comigo.
LNET! Viu então que era o momento para dar uma virada na vida e na carreira?
Eu não queria aquilo para mim, de ser chamado de drogado e cachaceiro. Cheguei ao Botafogo desacreditado e consegui ir bem. De repente, consegui dar a volta por cima e caí em outra coisa pior.
LNET! Quando você chegou ao Botafogo usava drogas?
Eu estava limpo. Havia usado em 2008, mas a minha clínica foi a Coreia. Lá, fiquei quase oito meses sem consumir nada. Quando o Botafogo me deu oportunidade, pensei que seria a minha vez. Sempre quis jogar em um clube grande.
LNET! E logo estava fazendo gol no Maracanã...
É muito bom, só que minha cabeça pirou.
LNET! Como foi a vida no Rio?
Eu ia em festas com muitos jogadores. Subi muito rapidamente. Era uma coisa diferente. A mídia é outra. Todo mundo convidando para festa. Os caras convidam para festas com muitas mulheres bonitas. Jogadores experientes que eu não quero citar nomes me levavam para festas. Várias vezes fui treinar de ressaca.
LNET! Nestas festas com jogadores entra crack também?
Entra de tudo. Entra crack, maconha e cocaína direto. Você vê as meninas novinhas com o nariz branco de cocaína.
LNET! E como você faz agora para ficar longe?
A primeira coisa foi me separar das pessoas que usam. Se você andar com uma pessoa que usa (droga), você vai usar. Eu me afastei de todo mundo. O cara que usa na minha frente não é meu amigo. Minha vida é só da casa para o treino, para a Igreja.
LNET! Você já ia à Igreja?
Algumas vezes. Minha mãe é evangélica. Mas agora eu vou com gosto.
LNET! Você está fazendo tratamento com psicólogo?
Sim. Está me ajudando muito. Hoje faz a diferença. Minha cabeça melhorou 100%. Vou toda sexta-feira e pretendo ir sempre.
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