do R7
Pesquisas recentes do Inca (Instituto Nacional de Câncer) revelam que mais da metade dos fumantes e não fumantes decidiram rever suas opiniões com relação ao uso do tabaco depois de observarem as mensagens de alerta do Ministério da Saúde e a estampa de imagens de impacto nos maços de cigarro. O sucesso desse mecanismo para reduzir o número de fumantes e inibir o crescimento do vício faz com que o Brasil seja reconhecido como líder no controle do tabaco nas Américas.
Entretanto, oito anos depois do início das divulgações das fotos, estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) apresenta um dado preocupante: a maioria dos jovens entrevistados demonstra não se importar com as graves doenças causadas pelo cigarro e sim com os danos estéticos causados pelo vício.
A pesquisa, que envolveu 200 alunos da rede pública de ensino fundamental e médio, avaliou a efetividade do marketing preventivo contra o consumo do cigarro. Para isso, expôs cartazes das peças divulgadas nos maços.
De acordo com Amanda Márcia dos Santos, professora do Departamento de Enfermagem da UFMG e coordenadora do estudo, a iniciativa promoveu o debate sobre o tema e mostrou que os objetivos das campanhas não estão sendo alcançados para esse grupo.
As entrevistas demonstraram que os adolescentes não se importam com as doenças que podem ter com o uso prolongado do cigarro, como derrame, hipertensão e câncer. Os mais jovens se abalam apenas quando pensam na possibilidade de sofrer danos estéticos com o fumo, como envelhecimento precoce.
Imagens fortes
O Brasil usa atualmente o terceiro ciclo de advertências sanitárias em maços de cigarro. Esse grupo de dez imagens inclui algumas das mais intensas fotografias de alerta do mundo, como as de pessoas com gangrena, envelhecimento precoce e órgãos destruídos pelas mais de 4.700 substâncias tóxicas presentes no cigarro.
A psicóloga Cristina Perez, técnica da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, explica que o objetivo do Inca e do Ministério da Saúde com a divulgação das fotos é prevenir a iniciação dos jovens ao tabaco, já que 90% dos fumantes começam no vício os 19 anos. A campanha também tem foco nas mulheres e na população com menor renda.
Um em cada dois notaram as advertências
A última pesquisa realizada no Brasil pelo Inca, em 2008, em parceria com o ITC (Internacional Tobacco Control), revela que um em cada dois fumantes notam as advertências frequentemente. Entre os 1.826 entrevistados, 61,3% disseram que as imagens os faziam pensar muito ou pouco sobre os riscos. Dos 1.215 fumantes, 48% disseram que ficaram mais propensos a parar de fumar depois de ver as fotografias. Entre os 611 não fumantes, 83% responderam que pensaram mais sobre os riscos do cigarro.
A pesquisa foi realizada por telefone, por meio de números discados aleatoriamente. Novos levantamentos estão sendo realizados neste ano e serão divulgados em 2011.
Prevenção é o ponto mais forte
Peter Siuves Jorge afirma que, se tivesse visto as imagens de alerta há 15 anos, quando começou a fumar, não teria começado o vício. Segundo ele, o ponto mais forte da campanha do Ministério da Saúde é a prevenção ao início do tabagismo.
– As fotos são fortes e, sem dúvida, fazem com que os jovens que querem começar a fumar pensem duas vezes.
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Outro fumante que acha as imagens chocantes é Wagner Moreira de Vasconcelos, que prefere não olhar a divulgação e tampa essa parte do maço de cigarros. Waldrê Tassini conseguiu parar de fumar há dez anos, quando a campanha ainda não estava em vigor. Em sua opinião, as imagens deveriam ser ainda mais impactantes, para tornar o combate ao vício mais eficiente.
Os levantamentos realizados pelo ITC apontam que os fumantes brasileiros desejam mudar seu comportamento. Mais da metade (51%) têm planos de deixar o cigarro de lado nos próximos seis meses, mas eles reconhecem que isso é difícil. Aproximadamente 82% dizem que o governo deveria fazer mais para ajudar as pessoas a parar de fumar.
Brasileiros fumam, em média, 15,4 cigarros por dia e 92% dos fumantes reportam fumar diariamente. Mais de 91% dos fumantes admitem estar preocupados com problemas de saúde causados pelo fumo e 82% dos que fumam disseram que o hábito já prejudicou sua saúde. 91% dos fumantes se arrependem de ter começado a fumar.
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