do O Rio Branco
O fundador da União do Vegetal (UDV) no Acre, Luiz Máximo Chaves, repudiou o Projeto de Decreto Legislativo que quer sustar a Resolução 01/10, do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), que permite o uso do “Chá Santo Daime” para fins religiosos. O autor da proposta, deputado federal Paes de Lira (PTC-SP), contra-argumenta que o uso, mesmo que religioso, de uma droga deve ser vetado quando provoca prejuízos à saúde.
“Bebo o chá há mais de 40 anos e ele sempre foi permitido, mesmo antes da promulgação da Constituição de1988. A partir dessa data, os direitos e garantias individuais e coletivos foram sacramentados”, opina “Mestre Luiz”, acreditando que haverá uma mobilização nacional para barra o projeto.
Ele tramita atualmente nas comissões de Segurança Pública e de Cidadania, antes de ser votado em plenário. Quando é questionado sobre a violação constitucional do Art. 5, Inciso VI, que versa sobre liberdade religiosa, ele contrapõe dizendo que a mesma Constituição proíbe o uso e comércio de drogas. “Ante o aparente conflito de normas constitucionais, deve-se adotar o seguinte raciocínio: qual delas é de interesse da sociedade, da coletividade”.
Quanto às afirmações de que a Ayahuasca provoca alucinações, hipertensão, taquicardia, náuseas, vômitos e diarréia Luiz Máximo disse que não tem autorização para falar pela UDV. “O mestre-representante José Roberto pode se manifestar pela Instituição”. Todavia, ele conta sua experiência pessoal: “Em 1969, eu estava com uma doença grave, pesando cerca de 40 quilos. Conheci o fundador da UDV, “Mestre Gabriel”, que me curou com o uso do chá. Em todos esses anos, nunca foi provado que o “vegetal” faça mal à saúde”, explica, informando que nem os melhores cientistas dos Estados Unidos conseguiram provar os efeitos “maléficos” citados pelo deputado.
Projeto susta resolução
Tramita na Câmara o Projeto de Decreto Legislativo 2491/10, de autoria do deputado paulista Paes de Lira (PTC-SP), que susta a Resolução 1/10, do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), que permitiu o uso do "chá do Santo Daime" ou ayahuasca para fins religiosos. O autor da proposta contra-argumenta que o uso, mesmo que religioso, de uma droga deve ser vetado quando provoca prejuízos à saúde.
O projeto tramita atualmente nas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votado pelo Plenário. "Ante aparente conflito de normas constitucionais – direito amplo à religião e vedação do uso e comércio de drogas – deve-se adotar o seguinte raciocínio: qual delas é de interesse da sociedade, da coletividade.
O princípio deste raciocínio é a supremacia do interesse público sobre o privado", disse o parlamentar. O deputado lembra que a Ayahuasca provoca alucinações, hipertensão, taquicardia, náuseas, vômitos e diarreia.
Doutrina do Santo Daime
Há oito décadas, o maranhense Irineu Serra, acompanhado de uma meia dúzia de seringueiros analfabetos, lançavam a semente da doutrina do Santo Daime. A nova crença religiosa que nascia na região da Amazônia Ocidental, era uma fusão do catolicismo popular com o espiritismo kardecista. Considerada como uma seita cristã naquela ocasião, contava com tolerância do catolicismo romano e era ignorada pela comunidade pentecostal vigente.
Desta experiência comunitária do Alto Santo, comandada pelo mestre Irineu Serra, surgem o núcleo religioso do Centro Espírita e Culto de Oração “Casa de Jesus – Fonte de Luz”, coordenado pelo padrinho Daniel Pereira de Matos, e da irmandade do Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra (CEFLURIS), da Colônia Cinco Mil, que tinha como líder religioso Sebastião Mota. No estado de Rondônia, o enfermeiro baiano José Gabriel da Costa fundava o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (U.D.V.), que mantinha a mesa tradição da efusão do cipó jagube e da folha rainha de chacrona (psychotria).
Atualmente, a comunidade daimista conta com um calendário devocional para comemorar o Dia de Santo Reis, de São José, de São João Batista, de Todos os Santos, de Nossa Senhora da Conceição e do Nascimento do Menino Jesus (Natal). Sendo em seguida, incorporada os festejos de comemoração da fundação das irmandades e o dia que os mestres desencarnaram. Os rituais de todas as comunidades “ayahuasqueiras” mantêm os padrões clássicos, com a distribuição do chá do santo daime (como sacramento, cânticos de benditos populares e bailados, para as viagens astrais.
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