Do Portal Angop
Nova Iorque - Brasil, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde são hoje pontos de passagem importantes para o narcotráfico internacional, segundo relatório divulgado na semana passada pelo Departamento de Estado norte-americano.
O Relatório de Estratégia Internacional de Controlo de Narcóticos, divulgado esta semana em Washington, apresenta a Guiné-Bissau como uma "grande plataforma para o narcotráfico" na região, devido ao "ambiente oportuno para os traficantes criado pela falta de capacidade policial, susceptibilidade à corrupção, fronteiras porosas, localização e ligações linguísticas ao Brasil, Portugal e Cabo Verde".
"As ilhas policiadas pelas Nações Unidas, ao largo do país, são plataformas para o grande tráfico da América Latina, e para os problemas relacionados de armas e imigração ilegal", afirma a secção dedicada à Guiné-Bissau no relatório do gabinete anti-narcotráfico (BINLEA) do Departamento de Estado.
"A corrupção, especificamente a cumplicidade dos responsáveis do Governo a todos os níveis com esta actividade criminal, inibe quer uma avaliação completa do problema, quer a sua resolução. A degeneração da Guiné-Bissau num narcoestado é uma real possibilidade, apesar dos esforços significativos da comunidade internacional".
O relatório sublinha a necessidade de continuar a trabalhar com as autoridades guineenses e de "identificar parceiros credíveis" nas forças de segurança guineenses, capazes de fazer frente ao narcotráfico.
A 27ª edição do relatório foi apresentada perante o Congresso norte-americano a 1 de Março, pelo secretário de Estado adjunto David T. Johnson.
Tem ainda um capítulo dedicado à lavagem de dinheiro a nível internacional, em que entre os países alvo de "principal preocupação" são colocados Guiné-Bissau e a Região Administrativa de Macau (China), surgindo Angola, Portugal e Cabo Verde entre os casos de
"preocupação".
Quanto a Cabo Verde, é hoje um "importante país de trânsito" para o narcotráfico entre a Europa, estando os estupefacientes a entrar através de aviões comerciais e navios, "incluindo iates".
"As muitas praias do país, as extensas águas territoriais e uma zona económica inadequadamente monitorizada permitem que as drogas passem sem serem detectadas", refere o relatório.
A cocaína, oriunda do Brasil, é o principal produto traficado, mas também há cannabis localmente cultivado em circulação.
Também Moçambique é catalogado como "país de trânsito" para drogas como haxixe, cannabis, cocaína e heroína, consumida sobretudo na Europa, e ainda para mandrax, que tem como destino a África do Sul, estando também a América do Norte entre os destinos de substâncias ilícitas.
"Fronteiras porosas, uma linha costeira fracamente policiada, forças de segurança inadequadamente treinadas e equipadas e corrupção na polícia e justiça perturbam os esforços de Moçambique para policiamento e interdição", refere o relatório, que considera "limitados" os programas de cooperação de que o país beneficia.
Quanto ao Brasil, o trânsito de drogas "aumentou significativamente" no último ano, devido ao maior cultivo de coca na vizinha Bolívia, após a expulsão da agência norte-americana anti-narcotráfico (DEA).
Além de ser vizinho de grandes países produtores de coca, o Brasil tem "um sistema aeroportuário em crescimento, portos movimentados, extensa linha costeira, inúmeras pistas de aterragem clandestinas e uma rede de crime violento organizado enorme, disposta a aceitar drogas como pagamento pela distribuição", sublinha.
Entre estas, adianta, estão o Primeiro Comando da Capital (PCC, em São Paulo) e o Comando Vermelho (Rio de Janeiro).
"Estes bandos controlam a distribuição de droga nas maiores cidades brasileiras e representam uma ameaça de segurança extrema" para as forças de segurança brasileiras, sublinha o gabinete anti narcotráfico (BINLEA) do Departamento de Estado.
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