quinta-feira, 25 de março de 2010

Cerca de 2% dos brasileiros usou maconha entre 2005 e 2006

Da Agência USP

Um levantamento feito nos 27 estados do Brasil traz dados inéditos sobre o uso da maconha no País. O estudo mostra que 2,1% da população brasileira usou maconha ao menos uma vez entre 2005 e 2006 e que o uso de maconha nas cidades grandes é maior que nas pequenas.  Outra conclusão é que as seguintes características aumentam o risco de usar droga: ser homem, ter idade entre 18 e 30 anos, ter mais anos de estudo, estar desempregados e morar nas regiões Sul e Sudeste.

A análise mostrou que um homem que agregue todos os fatores de risco tem no mínimo 800 vezes mais chance de usar maconha do que alguém que esteja afastado dos fatores de risco – uma mulher com mais de 50 anos, baixa escolaridade e moradora da região Norte. Quem está nessa condição tem uma chance muito baixa de usar a droga.

Os fatores de risco são independentes. Assim, ter entre 18 e 30 anos, por exemplo, aumenta o risco de uso da droga em qualquer condição de emprego, sexo, escolaridade ou região.

As informações vêm do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, executado pelo Ministério da Saúde e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O levantamento foi o primeiro a investigar o uso da maconha em uma amostra de pessoas que representava toda a população brasileira, incluindo os moradores de cidades pequenas. Os dados foram analisados por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade do Texas (EUA).

Foram entrevistadas pessoalmente 3007 pessoas com mais de 14 anos de 107 municípios de todos os estados entre novembro de 2006 e abril de 2005. Uma das perguntas era com qual freqüência o entrevistado havia usado maconha nos últimos 12 meses.

“Nosso estudo é uma fotografia de quantas pessoas usaram maconha entre 2005 e 2006 no Brasil”, explica Paulo Rossi, professor da USP que colaborou na análise das estatísticas e na composição de artigo sobre a pesquisa publicado na edição de março da revista científica Addictive Behaviors.

Segundo Rossi, o uso da maconha está crescendo no Brasil, mas a prevalência é bem menor que em outros países da América Latina e em países de língua inglesa, campeões no uso da substância. Um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que cerca de 40% dos jovens de até 21 anos dos Estados Unidos relataram ter usado maconha ao menos uma vez na vida. Entre os jovens da Colômbia, a taxa foi de 10,2%.

“A prevalência da população brasileira não foi coisa de outro mundo” explica Rossi. “A gente vê as drogas na TV e isso chama a atenção, mas não está todo mundo por aí fumando um baseado”.

Causas
Dois fatores podem explicar pelo menos em parte o baixo uso da maconha no Brasil: um poder aquisitivo baixo e o grande número de evangélicos, que são 30% da população. As cidades grandes têm mais usuários de maconha talvez porque nelas o acesso a drogas é mais fácil e o seu uso é parte da cultura de alguns grupos urbanos.

Não é possível comparar os resultados do estudo com dados anteriores por que ele é o mais abrangente feito até agora – o levantamento anterior mais abrangente foi feito em 2001 pela Unifesp nas 107 maiores cidades brasileiras, deixando de fora cerca de 40% da população. O levantamento conclui que ao menos 7% dos moradores dessas cidades usaram maconha alguma vez na vida.

O estudo teve uma margem de erro grande. Isso significa que, apesar de indicar de forma eficiente que grupos têm mais chance de usar maconha, não consegue determinar com precisão o quão maior é esse risco. Por exemplo, em relação a uma mulher, a chance de um homem usar maconha é maior, sendo que esse risco pode variar de 2 a 7 vezes.

Mais informações: (11) 3061-7093, pmenezes@usp.br

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