do TVI24
Foi desmantelado um sofisticado macrolaboratório de produção de cannabis em larga escala destinada à comercialização internacional, revelou esta quarta-feira a Polícia Judiciária.A rede era supostamente organizada por um grupo de quatro britânicos que torturou um compatriota no Algarve, na semana passada.
Segundo uma fonte da PJ, era fabricada «cannabis sativa» no laboratório agora desmantelado, um produto «produzido através de complexos sistemas de luzes, condicionadores de ar e irrigação, que funcionavam permanentemente e de forma automatizada, dando origem à produção de elevado teor do princípio activo THC (tetra-hidrocanabinol), tornando-o assim quatro vezes mais forte do que o tradicional».
O desmantelamento do laboratório representa a segunda maior descoberta deste tipo estruturas físicas dedicada à produção massiva de cannabis, tendo permitido a esta organização criminosa controlar todo o circuito, desde a produção - de elevada capacidade produtiva mensal - até à comercialização final, a nível internacional», explica a PJ.
A operação foi desenvolvida na sequência da investigação do rapto e tortura da vítima britânica, que tinha sido atraída a Portugal pelos suspeitos num caso relacionado com tráfico de droga, revelou a mesma fonte.
Durante o sequestro de 13 dias, perto de Boliqueime, no Algarve, a vítima, de 26 anos, foi sujeita a diversos actos de tortura, tendo perdido uma orelha e diversos dedos dos membros superiores e inferiores.
Os quatro detidos, com idades entre 24 e 47 anos, são acusados dos crimes de rapto, sequestro qualificado, ofensas à integridade física graves qualificadas, roubo qualificado, tráfico internacional de estupefacientes e associação criminosa.
«Grau de sofisticação»
O director da Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) da PJ realçou, entretanto, o «grau de sofisticação» do laboratório de produção de cannabis que foi descoberto no Montijo, perto do Pinhal Novo, na sequência de uma investigação relacionada com o crime violento.
Segundo esclareceu Luís Neves, foi no seguimento da investigação e detenção de quatro britânicos suspeitos de terem raptado e torturado durante 13 dias um cidadão escocês que a PJ «localizou dois locais onde se produzia cannabis em território nacional», tendo a descoberta mais significativa levado ao desmantelamento de «sofisticado» laboratório no Montijo.
«Detectamos que esta estrutura criminosa controlava todo o circuito - produção, crescimento, secagem e até distribuição - do produto estupefaciente, destinado a ser comercializado no estrangeiro», referiu.
Luís Neves precisou que o laboratório foi montado num terreno arrendado e «bastante grande», onde membros da organização procediam às várias fases da sua actividade criminosa, mercê de equipamento importado e tecnologia sofisticada que «potenciava o crescimento» da cannabis.
O diretor da UNCT revelou que esta unidade de produção de cannabis estava «automatizada», dispensando praticamente a intervenção humana, confirmando que os elementos detidos nem sequer viviam ali, mas numa casa próxima, também situada na zona do Pinhal Novo.
Quanto à relação «umbilical» entre esta actividade criminosa e o rapto de um cidadão escocês em Boliqueime, Algarve, a quem cortaram uma orelha e dedos dos membros inferiores e superiores, entre outras sevícias, o responsável da PJ explicou que estes eventos ligados ao crime violento «têm a ver com o controlo deste tipo de actividade criminosa» e que a investigação, que envolve outras polícias, está ainda longe do fim.
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