O número é alarmante, mas uma realidade no município de Barretos. Para o delegado titular da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecente), Antonio Alício Simões Junior é preciso uma reflexão profunda sobre o tema – tráfico de drogas e o vício como consequência do uso de entorpecentes, em especial do crack.
“Temos alguns princípios básicos para pensar: temos uma estrutura de crime organizado, onde os elementos obedecem a um comando de maneira hierárquica e a sociedade não está organizada para conviver com esse crime organizado. O consumo de entorpecente causa um bem estar muito grande no usuário, mas com uma consequência muito seria, então para se conseguir tirar esse vicio é preciso proporcionar à pessoa uma sensação maior do que aquela. Falta uma estrutura maior em saúde pública para cuidar destas pessoas, pois o remédio que nos polícia temos é a cadeia”, fala o delegado.
Valores do tráfico
Dr. Alício assumiu a Dise em 18 de fevereiro deste ano e vem realizando um trabalho integrado com a Polícia Militar no combate ao tráfico de drogas e alerta para o faturamento no crime. “O problema do tráfico de entorpecente, principalmente do crack, aqui no município de Barretos é muito serio, faço uma estimativa que movimente de R$ 15 mil a R$ 20 mil por dia, e olha que é uma operação paga em dinheiro e sem fiado. Creio que vários comerciantes em Barretos não faturem isso por dia”, reforça o delegado, que comenta que segundo estimativa da Polícia Militar, a cidade possui 105 pontos de venda de drogas.
Hoje, o crack é a droga mais popular a ser comercializada, uma pedra é vendia por R$ 10, é tem alto poder de viciar o usuário. “Os traficantes preferem o crack, pois dá mais dinheiro, o crack é feito em qualquer lugar, é uma mistura de cocaína, bicarbonato e água e a isso colocam todo tipo de porcaria no meio para aumentar o peso”, diz o delegado.
Barretos precisa ter estrutura para a recuperação
Dr. Alício lamenta a não existência na cidade de um local para a recuperação do dependente, muitos deles adolescentes que também vendem o entorpecente para custear o próprio vício. “Falta estrutura familiar, estrutura social, a Polícia trabalha com os efeitos, não com as causas. Trabalhamos com o adolescente já traficando, não adianta combatermos se não existirem os outros setores da administração para cuidar destes adolescentes, hoje o caso de vícios de adolescentes é um caso de saúde pública e sabemos que aqui em Barretos hoje não temos uma casa de recuperação para essas pessoas, o que vemos é o vício do crack, uma droga a meu ver que veio para fazer a sociedade repensar”, frisa.
Nesta busca pelo repensar da comunidade, Dr. Alício organiza um simpósio para os dias 26, 27 e 28 de abril, no qual será debatido o assunto com palestrante convidado, cujo nome ainda será confirmado. “É preciso fomentar na sociedade a necessidade de cuidarmos dos nossos filhos”, reforça.
Adolescentes e drogas
“Os grandes traficantes acham que o jovem, os adolescentes não serão apenados, mas o que estamos vendo na comarca de Barretos são os adolescentes sendo internados, temos conhecimento que vários já estão em São Paulo, na Fundação Casa, cumprindo as penas impostas pela justiça local. Mesmo assim continua o tráfico sendo feito por adolescentes, tem pessoas que prendemos toda semana praticando o tráfico, cumpre alguns dias, depois é solto, volta ao tráfico. Neste final de semana foi preso um adolescente que na semana passada já havia sido pego por nós, então há uma insistência muito grande na prática deste tipo de crime, mas que aos poucos vamos reprimir”, ressalta o delegado da Dise.
Disque Denuncia
O delegado diz que muitas apreensões de drogas e prisão dos envolvidos são realizadas com trabalho de investigação após denuncias anônimas serem feitas. “No nosso trabalho não existe atendimento ao público, trabalhamos com as investigações direcionadas para aquelas pessoas que temos suspeitas de estar traficando entorpecentes e principalmente trabalhamos com as denuncias anônimas. Muito importante para nós é que as denuncias não parem, quem souber de casos de tráfico de entorpecentes que ligue aqui para a Dise, para que de posse de informações possamos trabalhar junto ao setor de inteligência”, detalha.
Telefone
Por enquanto, as denuncias devem ser feitas pelo telefone da Dise: 3323-9996. “Estamos tentando conseguir, via senhor prefeito municipal, uma linha 0800 para que essas ligações sejam gratuitas, o que facilitaria muito para as pessoas que com poucos recursos financeiros querem fazer denuncia, mas que naquele momento não tem algum cartão telefônico ou algo deste tipo, então acabam ligando no 190, que é a Polícia Militar ou no 197, mas esse telefone fica no plantão e na DIG, e não na Dise. As informações acabam chegando, mas se tivéssemos uma linha direta de denuncia anônima acredito que nosso número de informações seria bem maior”, enfatiza Dr. Alício.
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