Do Povo Online
Marcelo Teófilo Lima é diretor do Hospital Mental de Messejana. Em entrevista ao O POVO, ele admite: “Como o número de usuários (de crack) vem crescendo, 20 leitos são praticamente irrisórios”. A unidade, referência no Estado quando o assunto é atendimento a dependentes químicos, dispõe de apenas duas dezenas de vagas.
Ali ao lado, no Elo da Vida, um programa do Hospital que dá sequência ao tratamento, o cenário não é diferente: há 30 vagas. Elas são destinadas a pacientes que desejam manter-se abstêmios do consumo de drogas. Hoje, das 30 vagas, 23 estão ocupadas por jovens e adultos que passam o dia no hospital, mas voltam para casa à noite.
Lá, eles assistem a palestras, recebem orientação e, nas horas livres, participam de grupos de música e teatro. Entretanto, são apenas 30, e se entre os pacientes houver alguém do interior do Estado sem residência na Capital, pior para ele.
Coordenadora do Elo da Vida, Sandra Dinis diz que o objetivo do programa é dar “continuidade ao processo de manutenção de abstinência”, que é apenas uma das etapas do tratamento a dependentes. Outra é a desintoxicação, realizada no Hospital Mental de Messejana e demais unidades, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), mantidos pela Prefeitura.
De acordo com Sandra, a permanência no programa é apenas diurna, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Das 23 pessoas atendidas, 17 são “usuárias de múltiplas substâncias, mas com predominância do crack”. O restante é composto por dependentes de álcool que, ao lado do crack, são os principais causadores de dependência química, explica.
Hermann Normando é presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre as Drogas. Formado por representantes do Poder Público e da sociedade civil, o conselho tem a função de sugerir soluções para o problema da drogadição no Ceará.
Confrontado com o cenário de vagas limitadas na rede estadual de saúde e crescimento acentuado do número de usuários de crack, Hermann garantiu: novos profissionais concursados podem ser convocados para trabalhar exclusivamente no atendimento a essa demanda. Enquanto isso, conforme estudiosos, o consumo de crack explode em Fortaleza e Interior.
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