"Depois de uma vida de droga é difícil acreditarem em nós"

Da Gazeta do Interior

O projecto Ai!!! És!!! está em marcha. Funciona nas instalações do Centro de Atendimento à Toxicodependência e tem por objectivo inserir, no mercado de trabalho, pessoas em que a droga, em tempos, lhes tomou conta da vida

Doença ou não, a verdade é que, neste preciso ponto, a questão da toxicodependência levanta dúvidas. Uma parte da sociedade não entende o gosto e o, consequente vício, pelas drogas como uma doença, comparável com muitas outras que surgem inesperadamente, sem causa, no corpo ou mente de uma pessoa, até então, dita saudável. Há mesmo quem se recuse a fazer tal comparação. No entanto, como em boa de-mocracia, outros há que defen-dem a existência de doença, nas características de vício as-sociadas à toxicodependência e ao alcoolismo.

E, a verdade também é que, doença ou não, o estigma que, ainda nos dias de hoje, persegue esta fatia da população, é muito grande e desencorajador para muitos.

Mesmo depois de agressivos tratamentos de recuperação para deixar a depenpência das drogas e do álcool, a sociedade tende em não querer-lhes abrir a porta.

O tema é mais que batido. A verdade é mais que conhecida. Mas ainda há quem pense que não se deve deixar de acreditar nos ex-toxicodependentes.

O projecto Ai!!! És!!! e as pessoas que lhe dão corpo são precisamente o exemplo desse modo de estar na vida. Trata-se de um projecto, a funcionar no Centro de Atendimento à Toxicodependência (CAT) na sede de Castelo Branco, e que funciona em parceria com a Casa da Infância e Juventude de Castelo Branco (CIJE).

Esta parceria deu-se no sentido de actuar, numa primeira abordagem do projecto, a prevenção.

No entanto, a par das características de prevenção do projecto, este pretende, pioneiramente, ir muito mais além. Pretende envolver empresas, empresários, sociedade, em geral, em prol de uma inclusão eficás e verdadeira.

O Ai!!! És!!!, um nome que, por si só, pretende chamar a atenção do próprio ex-toxicodependente ou ex-alcoólico, para a sua força interior e para as suas capacidades, surge no âmbito do Plano Operacional de Respostas Integradas (PORI), do território de Castelo Branco.