segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

WikiLeaks implica altas figuras de Moçambique no tráfico de droga

do Público.pt

O tráfico em Moçambique atingia, em Setembro de 2009 – a data do telegrama divulgado pela WikiLeaks através do diário francês “Le Monde” – “uma tendência inquietante”, ainda que insuficente para chamar ao país “um narco-Estado corrompido”.

“Ghulam Rassul Moti, traficante de haxixe e de heroína no Norte de Moçambique desde, pelo menos, 1993, reduziu consideravelmente o montante dos seus subornos aos funcionários locais para [passar a] pagá-los directamente aos dirigentes da Frelimo”, no poder desde a independência moçambicana em 1975, lê-se no documento.

Segundo escreve a Embaixada dos Estados Unidos, o tráfico é controlado por dois moçambicanos de ascendência asiática, Mohamed Bachir Suleiman (identificado no telegrama como “MBS”) e Ghulam Rassul Moti, com a cumplicidade do actual Presidente, Armando Emílio Guebuza, e do antecessor, Joaquim Chissano, escreve o “Monde”.

“MBS contribuiu grandemente para encher os cofres da Frelimo e forneceu um suporte financeiro significativo às campanhas eleitorais” de figuras do partido.
A diplomacia norte-americana sustenta a acusação no caso da gestão do porto marítimo de Nacala, a mais de dois mil quilómetros a Norte de Maputo, referindo Celso Correia, presidente da empresa Insitec e próximo de Guebuza, como o homem por trás do tráfico de droga a partir daquela região.

Segundo se lê no telegrama, os traficantes subornam a polícia, os serviços de imigração e os responsáveis pelas transferências aduaneiras para assegurar que a droga” proveniente do sudeste asiático entra “livremente no país”.

Com destino ao mercado sul-africano e europeu, detalha um outro telegrama de 17 de Novembro do ano passado, a droga chega em Moçambique tanto a partir da Ásia como da América Latina.

A cocaína entra por avião “a partir do Brasil”. Do Paquistão, Afeganistão e Índia chegam, por via marítima, haxixe, heroína e mandrax (droga com efeitos sedativos e receitada, nos anos 60, como medicamento).

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