segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A responsabilidade dos usuários de drogas

do Tribuna da Imprensa

Carlos Chagas

Quando eclodem  as guerras,  os países  envolvidos dedicam-se a analisar suas causas, justificando-se pelo envolvimento nos  confrontos. Ainda em 1939  as democracias européias acusavam a Alemanha de invadir outras nações,  ao tempo em que Adolf  Hitler alegava o esbulho do Tratado de Versailles contra o povo germânico.

Sucedem-se as explicações sobre a conflagração no Rio, com a polícia e as autoridades denunciando a extensão do crime organizado no controle das favelas  e os narcotraficantes sustentando que a miséria e  o desemprego não lhes deixaram outra opção de sobrevivência.

Só que ambos os lados em choque, com raras exceções,  omitem o fator principal de responsabilidade pela conflagração: os usuários de  droga. Não tivessem  os viciados  se multiplicado em progressão geométrica e não estaríamos assistindo essa novela de horror.

Os números não deixam mentir: só da Vila Cruzeiro escaparam perto de 600  narcotraficantes, refugiando-se no Complexo do Alemão.  Multiplique-se pelas outras mil favelas fluminenses o número de bandidos empenhados em adquirir, vender e distribuir cocaína, maconha e outras drogas,  e se terá o número aproximado de dezenas de milhares de  criminosos assolando a antiga capital e adjacências.

Isso significa número muito maior de  viciados, daqueles que recebem a droga a domicílio ou freqüentam as bocas de fumo.  Duzentos mil, quinhentos mil,   no Rio? São eles os responsáveis pela guerra. Carregam a culpa pela intranqüilidade da população inteira, mais os assassinatos, os roubos e  as depredações.  No entanto, são tratados como vítimas, coitadinhos, pobres doentes contaminados pela angústia…

Aqui  para nós, é preciso criminalizá-los. Identificá-los. Expô-los à sociedade. Torná-los responsáveis perante a Justiça, aplicando-lhes penas que, mesmo não sendo de prisão,  precisam ser  conhecidas dos vizinhos, parentes, patrões e empregados. Em especial os melhor favorecidos, os ricos e os integrantes das elites. Vale repetir, são eles os culpados pelo que vai acontecendo, porque se não existissem, não existiria o narcotráfico. Nem a guerra.

APOIO POPULAR

O povo do Rio aplaudiu a entrada das Forças Armadas na guerra travada em seu território. A Marinha saiu na frente, com os fuzileiros navais e seu equipamento. O Exército entrou ontem, assim como a Aeronáutica. Algo de novo aconteceu no cenário institucional, mais do que elogiável.  Foram  superadas  décadas de indecisão. Ainda bem. Importa menos saber quem comanda as operações, pois a  defesa da ordem pública é dever dos militares.

DILMA NO RIO?

O senador Pedro Simon sugeriu ontem, da tribuna do Senado, que a presidente Dilma Rousseff siga para o Rio o mais breve possível, solidarizando-se com a população e apoiando as autoridades empenhadas na guerra contra o crime organizado. O problema é que o presidente Lula ainda não foi. Talvez  possa ir hoje, quando voltar da Guiana.

IMPASSE

PMDB e PT ainda não se entenderam a respeito da presidência da Câmara.  A tradição recomenda que o partido com a maior bancada indique o presidente. Nesse caso, seria um petista, assim como a presidência do Senado está e continuará com o PMDB, com número superior de senadores. Quanto a promover um rodízio entre os dois partidos, na Câmara, só se for estendido ao Senado. Não chega a ser uma iniciativa ética buscar a formação de blocos com outras legendas, visando quebrar as maiorias. Até porque, o vento que sopra de um lado, sopra de outro.

6 comentários:

  1. Ou eles são imbecis ou eu, será que não perceberam que é utopico achar que vão deixar de existir dependentes? que dependencia quimica é caso de saúde pública?

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  2. Um profundo desprezo com este jornalista carlos chagas se é que se possa chamar isto de jornalista

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  3. Desprezo é pouco, Carlos Chagas você deveria ler mais mais sobre políticas públicas e sobre a história da proibição das drogas, esse discusro de capitão Nascimento não está com nada.A proibição só gerou e só gerará mais violência aqui no Brasil ou em qualquer ourto país do mundo.

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  4. e se o cafe dele fosse proibido? Do q ele seria capaz para consegui-lo? Se o trafico chegou a esse nivel foi por privilegiar o pensamento tradicional e conservadorista, junto ao PRE-conceito e não as evidências cientificas. Sem a maconha o lucro do trafico seria reduzido significativamente. A culpa é dos hipocritas.

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  5. Que absurdo esse post. Se a maconha fosse legalizada isso não existiria nessa proporção. Tem guerrilhas do narcotráfico na Holanda? Sempre existirão dependentes de maconha (e outras drogas), até porque elas anda lado a lado com a história da humanidade. A alienação de pessoas como esse "jornalista" é que cria preconceito e marginalizacao do usuário, e consequentente o tráfico de drogas. Em chicago o álcool era proibido e o que aconteceu? LEGALIZE JÁ

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  6. Usuários de substâncias que alteram o comportamento - tais como remédios, bebidas alcoólicas, estimulantes como cafés e energéticos, etc - jamais deixarão de existir. Sempre foi assim, desde os primórdios. Agora, a existência dos traficantes fica à critério do Estado, questão de regulamentar ou ñ. Qualquer usuário prefereria plantar a sua própria maconha ou comprar em farmácias e casas especializadas. Cabe ao governo reconhecer que tal planta ñ é tão nociva quanto acham. A real causa da criminalidade financiada pelo tráfico é o conservadorismo hipócrita.

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