do G1
São Paulo tem assistido a uma multiplicação de pontos de consumo e venda de crack. No início, eles se concentravam só na região da Luz, no Centro, mas o crack se espalhou. Uma das avenidas mais importantes da Zona Sul foi invadida por usuários e traficantes, que vendem a droga à luz do dia, em pleno movimento de carros e pedestres. É uma das novas cracolândias da capital.
A partir desta terça-feira (9), o SPTV e oG1 vão mostrar os locais da cidade onde o tráfico está fora de controle. Os moradores da cidade podem ajudar a combater a impunidade dos traficantes e alertar as autoridades sobre a existência de outros pontos de consumo e venda de crack.
Indique pontos onde há tráfico e consumo de crack
Na Avenida Jornalista Roberto Marinho, antiga Avenida Água Espraiada, o homem caminha no meio dos carros, passa pela mureta de concreto e desaparece. A moça também se arrisca, atraída pela força do vício. Outra pessoa cai para dentro da margem do córrego e a cena se repete ao longo do dia na avenida.
Nas margens do córrego, que separa as duas pistas, um homem tem uma das mãos cheia de pedras de crack. Ali se vende e ali mesmo se consome. “É muita gente fumando e passando para outras pessoas também, né? É noite e dia e a gente está convivendo com isso”, diz o comerciante Francisco do Nascimento.
Um outro traficante se mistura aos usuários em plena luz do dia, entregando a mercadoria e saindo com o dinheiro. Mais um cachimbo é acendido. O crack hoje acompanha o ritmo frenético da avenida, que tem 4,5 km de extensão e corta seis bairros da Zona Sul. Por ela, passam quase 30 mil carros só nos horários de pico.
Território livre
De uns tempos pra cá, o córrego Água Espraiada virou território livre para o consumo de crack a qualquer hora do dia. É assim perto de cruzamentos movimentados, debaixo e em cima de viadutos. Os usuários vão chegando e os traficantes se aproveitam da impunidade. De repente, o crack tomou conta do pedaço.
“Você vê muito assalto deles roubando para consumo da droga, né?”, afirma o motorista de van escolar Ildemar de Oliveira. Ele mudou o trajeto para evitar sustos. “A gente tem um receio de passar porque vocâ não sabe a reação deles.”
Os grupos vão pipocando aqui e ali, nas duas margens, nas duas pistas. “Antigamente eu cheirava esmalte, cheirava cola; aí comecei a fumar maconha, comecei no crack, desandei”, diz Rogério, que abandonou a família em Mogi das Cruzes há 6 meses.
Os usuários aparecem do nada e se multiplicam rapidamente. A moça percebe que está sendo filmada e reclama. Mais adiante, ela e um rapaz são abordados por dois policiais militares. Na frente deles, a jovem ameaça agredir a reportagem com um pedaço de pau. “Eu vou agredir, eu vou agredir”, ameaça.
A polícia passa e o tráfico fica. Um casal chega e logo o rapaz saca o cachimbo, queimando a pedra de crack. Ele passa para a mulher e, assim, consomem a droga tranquilamente. Consumindo também a saúde e a vida deles. Questionado se tem esperança de deixar o vício, Rogério responde: “Eu tenho. Tenho muita esperança de sair desse lugar”.
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