Um dos grandes entraves para a recuperação de mulheres dependentes de drogas, em especial do crack, é o fato de que, em geral, estas pessoas mantém dependentes, sendo filhos ou marido, o que dificulta a eficiência do tratamento e eleva o número de desistências. Por isso, o programa evangélico Desafio Jovem do Recife inaugura, no próximo trimestre, a primeira casa de recuperação exclusivamente feminina gratuita da Região Metropolitana do Recife com internamentos contínuos ao longo do ano e abrigo voltado para os filhos das pacientes, enquanto elas estiverem participando da iniciativa.
De acordo com o presidente da organização, Pastor Joel Bezerra, um dos sítios localizados na cidade do Paulista, que hoje abriga 20 rapazes em tratamento, está recebendo a construção das residências dos missionários que trabalharão com o público feminino, com a ajuda da força de trabalho dos próprios pacientes, que serão realocados. "No primeiro trimestre de 2011, começaremos o programa com cinco mulheres, número que deve crescer para até vinte", avalia. No local, pacientes como Róger (nome fictício) vivem um clima de inteira dedicação. "A proposta que nos foi feita é de doação, mesmo, e, por isso, é importante trabalhar em algo que possa deixar frutos para que novas pessoas sejam beneficiadas. Isso vai fazer com que tudo valha a pena", defende.
Confira o especial sobre a recuperação de dependentes químicos O caminho depois da pedra.
A diferenciação do tratamento é justificado por uma distinção de perfis de consumo quanto ao gênero, conforme uma recente pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, encomendada pelo Ministério da Saúde para melhor direcionar os R$ 141 milhões que serão aplicados no Plano de Enfrentamento ao Crack. O estudo revela que o consumo de crack por ambos os gêneros têm aumentado e começa cada vez mais cedo, podendo ter início entre 8 e 9 anos. As mulheres, no entanto, estariam mais vulneráveis a doenças sexualmente transmissíveis, graças à característica de comum associação do uso da droga com a prostituição, uma vez que muitas utilizam o próprio corpo como forma de quitar dívidas.
Segundo a psicóloga do Desafio Jovem, Juliana Bezerra, o nível de complexidade para trabalhar com mulheres é maior, uma vez que demanda tratamentos psicológicos e ginecológicos específicos e, por isso, profissionais ainda mais capacitados. "Várias jovens já nos procuraram, mas não podíamos atender antes, apesar deste ser um sonho antigo da gente. Em geral, elas chegam com grandes problemas de saúde e até de higiene pessoal, em especial porque boa parte delas acaba envolvida com prostituição. É preciso ainda mais doação para lidar com esse tipo de situação", explica. Enquanto as mães estiverem em recuperação, os filhos, de até quatro anos, poderão ser mantidos no Abrigo Jesus Menino, no bairro do Barro, no Recife.
As pacientes que procuram ajuda e têm condições financeiras são encaminhadas a parceiros do projeto na Espanha, custeando apenas as passagens aéreas e tendo o tratamento gratuito. Do contrário, o acompanhamento ambulatorial de projetos como o Sara Vida, em Jaboatão dos Guararapes se mostra como alternativa. Atualmente, o custo de manutenção de um paciente do Desafio Jovem é de, em média R$ 600. Com mulheres, esse valor deve ser de R$ 800. Justamente por conta destas dificuldades, o serviço voltado a mulheres ainda não é oferecido.
Saron - Primeira casa de tratamento de mulheres dependentes químicas gratuito no Nordeste, o Centro de Recuperação Rosa de Saron de Caruaru atende até 80 jovens simultaneamente. Fundada em 2001, a organização oferece um programa de 9 meses, que se utiliza de direcionamento espiritual e atividades artesanais e terapêuticas para combater o vício.
Serviço
Desafio Jovem do Recife
Avenida Afonso Olindense, 46, Varzea, Recife
Fone: (81) 39728078 e 32741858
Centro de Recuperação Rosa de Saron
Alto do Moura, Caruaru, PE
Por trás do colégio municipal do Alto do Moura.
Fone: 3722-7428
Nenhum comentário:
Postar um comentário