2009 foi um ano atípico porque houve alguma diversificação de clientes que pagaram preços mais razoáveis pelo tabaco
Portugal produziu 2,1 mil toneladas de tabaco em 2009, o valor mais alto dos últimos três anos. Mas os produtores dizem que o crescimento ficou a dever-se a "razões meramente conjunturais" e que este ano a produção ficará "por metade".
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, entre 2008 e 2009 as explorações de tabaco em folha cresceram de 391 para 590 hectares, o que se traduziu num aumento da produção da ordem dos 70%.
A subida deveu-se a um maior cultivo do tipo Virgínia (tabaco curado artificialmente em estufas aquecidas a gás), cuja produção final se saldou em duas mil toneladas. Já o tipo Burley (curado ao ar livre e com custos de investimento mais baixos) praticamente desapareceu, não tendo sido produzidas mais de 59 mil toneladas. Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Fundão e, em menor escala, Ponte de Sor são os municípios onde mais se produz tabaco.
As 2,1 mil toneladas produzidas em 2009 correspondem a um terço da média registada durante os anos dourados da produção de tabaco em Portugal, entre 2000 e 2004, quando esta cultura era considerada pelos produtores como uma espécie de "mealheiro", por proporcionar altas rendibilidades.
Depois chegou o desligamento da produção, que se traduz por um pagamento único às explorações em vez de ajudas dirigidas a um determinado produto, e a cultura do tabaco deixou de ser rendível. Ou melhor, os agricultores passaram a obter uma maior rendibilidade deixando de produzir.
"O desligamento de 50% foi uma decisão desastrosa do Ministério da Agricultura, pois o produtor tinha mais dinheiro estando quieto do que a trabalhar para aquecer. Ou se desligava o mínimo, 40%, e alguns produtores mantinham as explorações, ou se acaba com estas ajudas, o que permitiria reconverter as culturas", diz o presidente da Associação dos Produtores de Tabaco (APT), António Abrunhosa. "Deste ponto de vista, a gestão de Jaime Silva na pasta da Agricultura foi uma catástrofe maior do que muitas tempestades". Segundo os agricultores, o resultado destas decisões políticas foi o "abandono maciço" da cultura, cuja produção caiu das seis mil toneladas anuais para pouco mais de mil, originando o desemprego de mais de mil trabalhadores sazonais. "O que foi feito com o tabaco é um crime, pois assistimos à aniquilação deliberada de uma cultura sem qualquer motivo."
O problema é que a cultura "não é rendível" sem ajudas à produção. As contas da APT revelam que os preços "não cobrem os custos" uma vez que um quilo de tabaco tipo Virgínia é vendido, "na melhor das hipóteses, a 2,8 euros quando os custos de produção ascendem a cerca de três euros por quilo.
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