do Donna DC
Em um ano, um casal de fumantes gasta pouco mais de três salários mínimos com cigarros, valor equivalente a uma geladeira duplex ou uma tevê de última geração. O impacto do fumo no orçamento doméstico foi avaliado pela Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), realizada em 2008, cujos dados foram analisados por técnicos do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e divulgados ontem, quando foi comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
— Cigarro faz mal à saúde e faz mal também ao bolso. Um casal de fumantes, com idade entre 45 e 64 anos, gasta R$ 1.543 ao ano com cigarro. Nesse mesmo ano, eles poderiam ter comprado uma geladeira, um computador, ter feito uma viagem. Há uma série de coisas mais interessantes para fazer do que fumar — afirmou a gerente de epidemiologia do Inca, Liz de Almeida.
Em 2008, quando o salário mínimo estava em R$ 415, a média anual de consumo de cigarro por duas pessoas, em qualquer região do país, era de R$ 1.495,20 (3,6 salários mínimos). Os pesquisadores compararam o preço médio do cigarro e o salário mínimo de setembro de 2008 – naquele momento, um fumante de baixa renda podia comprar 150 maços de cigarro, contra 83 maços, em 1996, e 112 maços em janeiro de 2003.
Para reduzir esse poder de compra, os técnicos do Inca defendem o aumento da carga tributária sobre o cigarro.
— O aumento dos impostos têm mostrado, em todos os países em que essa política vem sendo adotada, que reduz o consumo e de forma mais importante nas pessoas que têm renda mais baixa e menor escolaridade — afirmou Liz de Almeida.
A pesquisa mostrou que o país tem 25 milhões de pessoas que usam tabaco (fumado ou mascado), o que equivale a 17,5% da população.
— O Brasil mostra compromisso forte com o controle do tabaco. Houve uma redução da prevalência de 34,8% da população (em 1989), para 17,5%. Isso não é frequente nos países. O Brasil é um exemplo para o mundo — afirmou Alfonso Tenorio-Gnecco, gerente de Prevenção e Controle de Doenças e Desenvolvimento Sustentável da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que acompanhou a divulgação dos dados.
Contrapropaganda funciona
A análise dos dados revelou ainda que 10,4% dos fumantes são jovens com idades entre 15 e 24 anos. E, destes, 21,5% têm dependência severa do tabaco. Foram os jovens também que perceberam maior publicidade indireta de cigarro em pontos de venda e eventos esportivos (a propaganda é proibida por lei desde 2000).
— Essa informação mostra a importância de fazermos a contrapropaganda nos locais onde os jovens estão, nas rádios que eles escutam, na internet — observou a gerente de epidemiologia do Inca, Liz de Almeida.
Outro dado se refere aos locais mais utilizados para compra de cigarros industrializados no Brasil. Cerca de 53,8% dos fumantes compram em bares, botequins e restaurantes. Foram citados com frequência também os supermercados, minimercados, padarias e lanchonetes.
Pesquisa
Os dados que compõem a PETab foram coletados durante a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar, feita pelo IBGE em 2008. Foram ouvidas 51 mil pessoas em 851 cidades.
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