quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tabaco é 2ª causa de morte no mundo

do Diário do Grande ABC

O tabagismo é tido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como problema de saúde pública global, sendo a segunda maior causa de mortes no mundo, com 5 milhões de óbitos ao ano. No Brasil, cerca de 200 mil morrem anualmente, segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). A maior dificuldade relatada por fumantes para parar de fumar é a dependência psicológica, segundo especialistas e pacientes ouvidos pelo Diário.

"Sempre a maior dificuldade é a psicológica, porque em 30 dias a dependência química é superada", lembrou o pneumologista Adriano César Guazzelli, coordenador do Ambulatório de Combate ao Tabagismo e professor da Faculdade de Medicina do ABC.

Já a psicóloga Sabrina Presman, especialista em dependência química da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), compara o sofrimento causado pela abstinência da nicotina (substância que causa maior dependência) à dor do luto. "O cigarro se torna um companheiro e geralmente é a relação mais antiga que a pessoa tem. Romper com ela é tão difícil quanto romper um casamento ou até perder um ente querido. A dor de quem para de fumar é igual à dor do luto", explicou Sabrina.

Durante todo o dia de hoje, a Abead tirará dúvidas on-line sobre como parar de fumar no site www.abead.com.br/pare.

Mas, segundo o cardiologista José Luis Aziz, de São Bernardo, a maioria dos pacientes que procuram o tratamento em seu consultório não aceitam o encaminhamento psicológico. "Sinto que ainda há preconceito do atendimento com psicólogo. A maioria acaba aderindo aos medicamentos. Destes, 75% conseguem parar de fumar", contou José Luis, que é vice-presidente da Sociedade de Cardiologia de São Paulo - Regional ABCDM. Por semana, ele atende em seu consultório de 10 a 12 pacientes. O tratamento recomendado por ele custa cerca de R$ 700 e dura 12 semanas.

As doenças do coração são as mais fatais para fumantes e ex-fumantes, segundo o cardiologista. O fumante que consome até cinco cigarros ao dia tem duas vezes mais chance de infartar que o não fumante. Acima de cinco cigarros ao dia, a chance de infarte aumenta três vezes. Já o fumante passivo, alvo da campanha nacional, pode absorver até 30% da nicotina consumida pelo fumante ativo do seu convívio.

Além das dependências psicológica e física, também há a comportamental. "Parar de fumar é reaprender a construir novos hábitos. O fumante cria rotinas com o cigarro e parece que é incapaz de viver situações sem ele, como falar ao telefone e depois de comer ou de tomar um cafezinho. Mas isso não é verdade", lembrou Sabrina.

É o caso da moradora de Santo André Irene Cabral, 75 anos, que fuma há 53. Mesmo tendo sido diagnosticada com enfisema pulmonar, ela não conseguiu parar com o vício. Já chegou a fumar três maços por dia e atualmente fuma meio maço "Meu pai e minha irmã morreram de enfisema. Eu já passei por tratamento em grupo no Mário Covas e estou aqui (reabilitação pulmonar) há três anos. Acho que se houvesse um remédio bom mesmo eu toparia tomar. Só não tenho dinheiro para pagar tratamento", disse Irene.

Imagens que podem salvar vidas

As imagens nas caixinhas de cigarro de advertências sanitárias sobre os males do vício mudaram recentemente. Elas, que já foram tema de campanha do Dia de Combate ao Fumo do ano passado, também são eficazes na luta contra o consumo da droga, e salvam vidas.

Cada vez mais os fabricantes utilizam embalagens atraentes e sofisticadas para cativar novos consumidores e estimular a aquisição dos produtos, desviando a atenção dos consumidores dos efeitos fatais à saúde. As advertências ajudam a diminuir a atração para a caixa, transmitindo uma mensagem clara e imediata. E isso não é feito somente no Brasil - considerado referência nesse trabalho. Diversos países se utilizam do recurso para reduzir o consumo.

A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (tratado internacional entre países sobre o assunto) definiu que elas devem ocupar pelo menos 50% da área principal das embalagens da caixinha e recomenda a utilização de imagens ou pictogramas para ilustrar a mensagem.

Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), há estudos científicos que demonstram que as advertências sanitárias mais eficientes são aquelas que geram reações emocionais negativas, como medo e repulsa, pois são as que mais favorecem uma redução da frequência do uso e as que mais motivam os fumantes a largar o fumo.

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