segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Fumo do tabaco altera os genes

do Expresso

Investigadores estudaram o impacto do fumo do tabaco nos genes. E acreditam que, no futuro, será possível saber, com antecipação, que doentes virão a sofrer de doenças pulmonares, como o cancro.

"Não importa se está a entrar numa festa onde outras pessoas estão a fumar ou se fuma um cigarro por semana. Não importa o nível de exposição que tem, as suas células pulmonares sabem-no e estão a responder". O aviso é de Ronald Cristal, cientista no Weill Cornell Medical College, em declarações à "Time", que investigou o impacto do fumo do cigarro nos genes. E conseguiu provar, pela primeira vez, que tanto quem fuma um maço de cigarro por dia, como quem é apenas fumador passivo, sofre mutações genéticas e terá uma maior possibilidade de contrair doenças pulmonares, como o cancro.

Para provar que os genes dos fumadores passivos também estão a ser alterados, a equipa de Cristal testou todos os 25 mil genes já identificados, num grupo de 121 voluntários - fumadores e não fumadores. O objetivo era determinar quais dos genes estavam ativos e quais tinham sido "ligados" ou "desligados" em consequência do tabaco.

Os investigadores começaram por identificar 372 genes que estão ativos apenas nos fumadores. Depois, com base nos registos das análises dos voluntários quanto ao nível de nicotina, dividiram-nos em três grupos: fumadores com altos níveis de componentes associadas ao tabaco, não fumadores com baixos níveis desses componentes e um terceiro grupo com um nível de exposição intermédia.

Comparando os 372 genes nestes três grupos, os cientistas chegaram à conclusão que o grupo com baixos níveis de exposição ao tabaco partilhava 34% dos mesmos genes ativos que os não fumadores e 11% dos genes dos fumadores.

Estes resultados sugerem que as alterações genéticas sofridas entre os voluntários com baixa exposição ao fumo do tabaco (alguns destes eram apenas fumadores passivos) eram semelhantes às dos fumadores. E estas alterações poderiam representar os primeiros passos moleculares em direção ao cancro do pulmão, explica a "Time". Só não houve ainda tempo suficiente para acompanhar os voluntários de modo a ter dados que confirmem esta tese.

Segundo Cristal, esta descoberta poderá vir a ajudar os médicos a despistar os doentes que terão mais probabilidade de vir a desenvolver doenças pulmonares, como o cancro do pulmão, em consequência da exposição ao fumo do tabaco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário