A UFRN reuniu ontem estudantes e professores no auditório da Reitoria para abordar a questão do crack. Através do 1º Seminário de Prevenção ao Uso de Drogas e Promoção à Saúde, a Universidade realizou palestras e aproveitou para lançar o curso de especialização sobre Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas, ministrado pelo professor Erikson Felipe Furtado, da faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/SP.
Na segunda-feira, a Assembleia Legislativa já havia realizado um encontro para o lançamento da Frente Parlamentar de Combate ao Crack, que pretende incentivar os deputados estaduais a criarem medidas de prevenção e repressão ao uso de drogas. “Nossa intenção é conscientizar as pessoas sobre o problema generalizado que se tornou o uso de drogas. Agora, as periferias não são os únicos locais onde se consomem entorpecentes. A droga chegou também à classe média”, afirmou o professor João Dantas Pereira, coordenador do Seminário.
Também participante do Seminário, a doutora Edineusa Paiva, da ONG Amor Exigente/RN, tem a mesma opinião sobre a difusão dos entorpecentes. “Quando a droga chega à classe média, é um problema ainda maior, porque as famílias não procuram ajuda no primeiro momento. Algumas, inclusive, querem que o viciado deixe as drogas sem que ela, a família, se envolva. Deixam o viciado nas clínicas e vão embora, sem prestar, depois, nenhuma assistência ou acompanhamento”, afirmou.
A preocupação com a disseminação das drogas na sociedade não é algo recente para a UFRN. “Esse é o primeiro seminário, mas nós já realizamos outros trabalhos em parcerias com ONGs, centros de reabilitação de dependentes químicos, como as Fazendas Esperança e Nova Aliança, e com grupos de pesquisas”, afirmou o professor João Dantas.
A intenção, pelo menos inicialmente, é realizar outros eventos parecidos e, também, dar prosseguimento ao curso de especialização, criado com a intenção de formar multiplicadores do trabalho de conscientização social contra o uso de drogas. “O curso foi lançado e agora vamos fazer o trabalho de inscrição dos interessados. Esperamos ter uma boa participação social”.
Alunos esperam medidas efetivas
Como o próprio professor João Dantas assume, ao afirmar que “o consumo dentro do campos é conhecido”, a droga já chegou há tempos à UFRN. No entanto, os alunos ainda cobram mais medidas efetivas de combate ao uso de entorpecentes dentro do campus. “É comum ouvir as pessoas reclamando do consumo de drogas aqui na UFRN. Os trabalhos de conscientização são feitos, os universitários são pessoas esclarecidas, mas se ainda há o consumo, é porque falta uma medida mais efetiva de combate”, afirmou a estudante universitária Amanda Araújo, do curso de Serviço Social.
Para a também estudante de Serviço Social, Fernanda Rocha, o consumo de drogas dentro da UFRN é algo que reflete um problema social. “Falta uma atitude mais direta aqui, como falta em outros cantos. É um problema de consciência de quem usa e, por isso, seminários como esse são importantes. Mas, realmente, não pode ficar só na prevenção se não houver também o combate. Se a pessoa que é pega vendendo ou incentivando o uso, não responder pelo ato”, afirmou.
Para o professor João Dantas, a UFRN tem feito o trabalho que cabe a ela nessa luta contra as drogas. “Há na UFRN aqueles que são consumidores assumidos de drogas e, como estamos em uma democracia, não podemos impedir que façam isso. O que fazemos é tentar educar sobre os problemas que o vício causa. Da mesma forma, também não é função da Universidade prender o usuário. Isso cabe ao sistema de Segurança Pública e eles já têm todo o mapeamento de onde são consumidos os entorpecentes dentro da UFRN”, afirmou o professor, sem querer entrar em detalhes sobre onde são os setores e os locais, dentro da Universidade, onde o consumo é maior.
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