sexta-feira, 25 de junho de 2010

Consumo de anfetaminas equivale ao de cocaína e opiáceos

do Sapo

Cannabis é ainda o estupefaciente mais consumido em todo o mundo, alerta o último relatório das Nações Unidas sobre drogas

O consumo de anfetaminas continua a crescer e está próximo de envolver tantas pessoas quantas as que consomem cocaína e opiáceos juntas, alerta o último relatório das Nações Unidas sobre drogas.

O Relatório Mundial de Drogas 2010, ontem divulgado pelo gabinete das Nações Unidas para a Droga e Criminalidade (UNODC), indica que o cannabis é ainda o estupefaciente mais consumido em todo o mundo, mas dá conta de alterações no padrão de consumo, com a afirmação de novas drogas e mercados.

Enquanto o consumo estabilizou nos países desenvolvidos, tem crescido continuamente nos países em desenvolvimento, sobretudo da África Oriental (heroína), Ocidental (cocaína), América do Sul (cocaína), Médio Oriente e Sudeste da Ásia (sintéticas).

A produção potencial de heroína recuou 13 por cento no ano passado, com maiores quebras no Afeganistão e Birmânia.

O cultivo de ópio está em declínio no Afeganistão e vai continuar em queda este ano devido a uma praga que poderá devastar um quarto da produção.
Nos países andinos, a quebra na produção de cocaína atinge 28 por cento na última década.

Nos Estados Unidos, o consumo de cocaína caiu acentuadamente e a UNODC estima que as transações valham hoje menos um quarto do que há 10 anos.

“Uma das razões para a violência no México é que os cartéis estão a lutar por um mercado cada vez mais pequeno”, afirma o director da UNODC, António Maria Costa.

Já na Europa, quase duplicaram os consumidores de cocaína, de 2 milhões em 1998 para 4,1 milhões em 2008, tornando-se no principal mercado.

“A mudança na procura levou a reorientações nas rotas de tráfico, com uma quantidade cada vez maior de cocaína a vir para a Europa dos países andinos, através da África Ocidental”, refere o relatório.

A UNODC identifica ainda aumento do consumo de estimulantes do género das anfetaminas (ATS), que já envolve entre 30 a 40 milhões de pessoas, e de medicamentos.

A manter-se a tendência, em breve os consumidores de anfetaminas serão mais do que os de opiáceos e cocaína juntos.

“Não iremos resolver o problema mundial das drogas se simplesmente empurrarmos o vício da cocaína e heroína para outras substâncias viciantes – e há quantidades ilimitadas delas, produzidas em laboratórios da máfia a preços triviais”, afirma Costa.

O mercado das chamadas ATS, alerta a UNODC, é mais difícil de vigiar porque as rotas de tráfico são mais curtas, sendo a produção feita próximo do mercado consumidor e os químicos usados legais e facilmente disponíveis.

“Estas novas drogas criam um duplo problema. Primeiro, estão a ser desenvolvidas a um ritmo muito mais rápido do que as normas regulatórias e as forças de segurança conseguem acompanhar. Segundo, a sua comercialização é astuciosa, dado que são feitos à medida para ir ao encontro das preferências específicas em cada situação”, afirma Costa.

Em 2008 registou-se um aumento de 20 por cento nos laboratórios clandestinos detectados.

Enquanto na Europa o consumo de ecstasy entrou em queda em 2006, está a aumentar na Ásia e na América do Norte, demonstrando a “fluidez do mercado”, segundo a UNODC.

Outra indicação desta “fluidez” é que o consumo de cannabis está a regredir na América do Norte e nalgumas partes da Europa, os maiores mercados desta droga.

Actualmente é consumida por 130 a 190 milhões de pessoas pelo menos uma vez por ano e é produzida em quase todos os países, sendo o Afeganistão o maior produtor.

Fonte:
Diário Digital / Lusa

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