Do R7
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu fazer silêncio sobre a revisão das políticas para o consumo de drogas até o final da campanha eleitoral deste ano, segundo apurou o R7. O líder tucano não quer prejudicar a campanha de José Serra (PSDB), pré-candidato à Presidência, defendendo a polêmica descriminalização da maconha e de outras drogas, uma das principais bandeiras da Comissão Latino-americana de Drogas e Democracia, da qual ele é integrante.
FHC integra a comissão junto com outros ex-presidentes, como o colombiano César Gaviria. O grupo considera equivocada a política para consumo e tráfico de drogas adotada pelos países da América Latina, com apoio dos Estados Unidos, ao longo das últimas décadas. A forte repressão ao consumidor, que é tratado como criminoso e sujeito à prisão, não resolve o problema, segundo FHC. Ele defende que o tema seja retirado do âmbito exclusivamente criminal para ser tratado como questão de saúde pública.
O posicionamento bastante liberal do ex-presidente pode, no entanto, prejudicar a campanha de Serra. Segundo apurou o R7, FHC não dá mais entrevistas sobre o assunto e não tem agendada nenhuma reunião na qual vá debater o tema controverso até que seja definido o nome do próximo presidente.
A herança FHC
Assim que ganhou as eleições para seu primeiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou que FHC lhe deixava uma "herança maldita", referindo-se ao legado do ex-presidente.
Com baixa popularidade, a imagem de FHC também se tornou um estorvo para o tucano Serra. A alta popularidade de Lula e a má lembrança que os brasileiros têm dos anos FHC faz a campanha de Serra evitar uma associação com o governo do ex-presidente.
FHC, cada vez mais deixado de lado das negociações do PSDB, não participou da despedida de Serra do governo de São Paulo, ato que na prática foi o lançamento de sua pré-candidatura, na última semana.
Pesquisa da CNT/Sensus, do último dia 23 de março, mostra que metade dos entrevistados (mais precisamente 49,3%) não votaria num candidato à Presidência apoiado por FHC. Apenas 3% disseram que votariam em candidato apoiado pelo ex-presidente e 14,2% afirmaram que podem votar num candidato apoiado por ele.
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