Fonte: Folha de São Paulo
"Savages", novo longa do diretor, segue amigos que cultivam erva na Califórnia
Cineasta se inspirou em livro de Don Winslow e em entrevistas feitas por ele na fronteira dos EUA com o México
Se Oliver Stone aprendeu alguma coisa rodando seu novo filme, "Selvagens", foi sobre os meandros do "excêntrico negócio" da maconha na Califórnia -que, do alto de seus 40 anos de experiência com a planta, ele sem hesitar aponta como a melhor do mundo.
O longa, que estrearia anteontem nos EUA e chega ao Brasil em outubro, conta a saga de dois amigos plantadores na Califórnia, onde a droga é legalizada para fins terapêuticos.
A dupla é formada por um ex-soldado (Taylor Kitsch) e um hippie moderninho (Aaron Johnson), perseguidos por um cartel mexicano liderado por uma mulher (Salma Hayek). Benicio del Toro e Demián Bichir (mexicano indicado ao Oscar em 2011) encarnam seus capangas.
Stone escreveu o roteiro a partir do livro de Don Winslow e se valendo de entrevistas que fez dos dois lados da fronteira México-EUA -o périplo incluiu uma passagem por Tijuana com Del Toro.
A dupla conversou com agentes da DEA (a agência americana antidrogas), ex-membros de cartéis e hackers de computador.
"Também visitamos plantadores", lembra o diretor, em entrevista à Folha. "É uma operação bem excêntrica e solitária. Cada um tem seu método. São pessoas loucas. Vi coisas engraçadas: é uma cultura em expansão", diz.
Na preparação para o filme, conheceu gente que cultivava plantas em armários e que usava lojas de limpeza a seco como fachada para burlar as leis californianas.
SELVAGERIA
O título do longa vem do fato de os capangas do cartel -que costumam cortar a cabeça de seus rivais- chamarem os dois jovens californianos de "selvagens" por dividirem a mesma namorada (Blake Lively).
Para Stone, todo mundo tem dentro de si um "selvagem". O dele é despertado pelas mentiras que ouve.
"Todo mundo conta mentiras: o governo, o seu professor, seus pais. Isso me incomoda desde jovem", diz Stone, que em 1968 foi preso no México ao tentar cruzar a fronteira com maconha.
Em 2000, ele deu entrada num centro de reabilitação. Hoje, diz que está longe das drogas pesadas, como cocaína e pílulas.
A nova fase não o afastou da maconha. Para divulgar "Savages", posou para a capa da revista "High Times", especializada na matéria, com um cigarro da erva entre os dedos.
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