Fonte: A Notícia
Manifestação divide opiniões na cidade; MP não descarta intervenção
Os primeiros passos ainda nem foram dados, mas a Marcha da Maconha já divide opiniões em Joinville. A manifestação foi confirmada para o dia 18 de setembro, com concentração em frente à Câmara de Vereadores. De lá, os participantes vão seguir até a praça da Bandeira, onde estão previstas atividades culturais e música ao vivo.
A organização do evento afirma que a droga não será usada durante a marcha. Mensagens de apologia ao uso de drogas também não serão permitidas.
— Nossa intenção é promover o debate sobre a legalização e da descriminalização —, garante Lucas Lichy, estudante de economia na UFSC e representante do Instituto Cannabis de Florianópolis, que coordena todas as marchas no Estado.
O núcleo joinvilense ligado ao movimento nacional a favor da legalização da maconha é formado por cerca de 15 pessoas. Mas Lucas espera entre 300 e 500 manifestantes na marcha do dia 18.
Na tarde de quarta, o comandante da Polícia Militar em Joinville, coronel Cantalício Oliveira, ainda não havia sido comunicado formalmente sobre a marcha. Mesmo garantindo a segurança dos participantes durante a manifestação, o coronel diz que é contra a proposta da marcha.
— A liberdade de expressão está prevista na Constituição. Mas este evento, na medida em que faz a sociedade refletir sobre seus valores, também cria um paradoxo. Infelizmente, as drogas ilícitas trazem um mal à sociedade. Então, acredito que cria-se um mal entendido de valores da sociedade por conta dessas iniciativas —, argumenta.
Opinião parecida tem o doutor em sociologia da Univille, Belini Meurer. Por já ter coordenado um fórum de debates voltados para o estudo da violência, incluindo o tráfico de drogas, Belini defende somente a liberdade de expressão.
— Sou contra qualquer tipo de atividade que venha a favorecer o uso da maconha, mas não posso negar que a democracia prevê o direito à expressão. Ainda não sei o teor do debate que estão propondo. Se houver apologia, o movimento precisa ser impedido —, afirma o sociólogo, que também é vereador do PT de Joinville.
A possibilidade de intervenção não é descartada pelo promotor da Infância e Juventude em Joinville, Sérgio Ricardo Joesting. Quarta, ele afirmou que ainda não havia sido informado sobre a confirmação da marcha. Segundo ele, o Ministério Público deve ficar atento à organização do evento nos próximos dias.
— É possível que ocorra até uma ação conjunta com outras promotorias caso fique constatada alguma ilegalidade nesta marcha.
“Precisa fazer passeata?”
Sérgio Ricardo Joesting, promotor
A Notícia – De que forma o senhor avalia a confirmação da Marcha da Maconha em Joinville?
Sérgio Ricardo Joesting – Ainda não tinha tomado conhecimento do agendamento desta manifestação em Joinville. Por ser uma situação nova, precisamos saber exatamente de que forma ela vai acontecer.
AN – A organização da marcha afirma que a manifestação não vai fazer apologia ao uso da droga, apenas levantar o debate sobre a legalização.
Sérgio – Mas precisa fazer passeata para levantar o debate? Isto pode ser feito em uma audiência pública, com pessoas expondo suas posições democraticamente.
AN – É possível que o Ministério Público intervenha contra a manifestação?
Sérgio – Eu ainda preciso saber se o assunto seria de atribuição à promotoria da Infância e Juventude. Vou conversar com os promotores criminais para confirmar a quem caberia essa atribuição. Mas é possível que ocorra, sim, até uma ação conjunta por parte do Ministério Público caso fique constatada alguma ilegalidade nessa marcha.
“Ninguém pode ir contra isso”
Lucas Lichy, organizador
A Notícia – Qual é o propósito da Marcha da Maconha em Joinville?
Lucas Lichy – Nossa intenção em todas as marchas é promover o debate em torno da legalização e da descriminalização da maconha. O Instituto da Cannabis promove pesquisas e estudos sobre a maconha para uso recreativo, industrial e medicinal. É sobre isso que vamos debater.
AN – Quantos participantes vocês esperam em Joinville? Os usuários não têm medo de ficarem marcados?
Lucas – Esperamos entre 300 e 500 pessoas. Imagino que Joinville seja uma cidade conservadora, mas a criminalização da marcha é que é contra a lei. Nosso direito de manifestação foi garantido pelo Supremo Tribunal Federal. Ninguém pode ir contra isso.
AN – Se a marcha caracterizar apologia à droga, ela pode ser impedida. Os participantes vão fumar maconha durante a marcha. Há alguma orientação sobre as faixas e cartazes?
Lucas – O uso da maconha está expressamente proibido aos participantes da marcha. Nós já lembramos a todos que a marcha não é proibida, mas a maconha ainda é ilegal. Também não vamos aceitar qualquer faixa ou cartaz com mensagem que faça apologia ao uso. Nossa discussão é sobre a legalidade.
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