quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Coordenador de UPP alerta para uso de drogas

Fonte: O Globo

RIO - É uma utopia acreditar que a UPP vai acabar com a droga. A afirmação foi feita na terça-feira pelo major Eliezer de Oliveira, coordenador de Ensino e Pesquisa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) ao site G1 durante um seminário na Glória, que discutiu políticas de segurança e tráfico de drogas. Em sua palestra, o major ressaltou que, se houver um usuário, ele irá atrás da droga. Para o militar, o importante não é apenas combater o tráfico, mas também afastar a influência dos traficantes da comunidade. Para ele, tal influência permite que um jovem ocioso possa enveredar pelo caminho do tráfico.

- A polícia tem que chegar na comunidade e, junto com ela, outras ações sociais. A iniciativa privada também tem que estar junto - disse o militar.

Durante o congresso, o militar enfatizou que o dependente químico é um problema social. Para ele, o viciado em drogas acaba se tornando um problema de polícia quando faz do vício um modo de praticar delitos.

- Aí a polícia vai agir e prender. Se não houver tratamento, ele pode voltar a essa prática delituosa, num círculo vicioso. A UPP pode diminuir os riscos e melhorar a qualidade de vida. É um dever nosso dar oportunidade de ressocialização - disse o major Eliezer.

Parafraseando o comunicador Chacrinha, o oficial repetiu o bordão "quem não se comunica se trumbica" e afirmou que, mesmo tentando não fazer trocadilhos, não poderia deixar de dizer que uma comunidade que não se comunica com a polícia não vai chegar a lugar nenhum. Ele reiterou que junto com a UPP, outros setores devem entrar na comunidade.

- Antigamente era o bandido o referencial da comunidade; hoje é a polícia. As pessoas vão até a polícia para ter uma solução para seus problemas. Por isso, não há como repousar sobre a polícia a solução para todos os problemas, a reboque tem que haver outros órgãos - disse o major Eliezer.

Embaixador uruguaio para assuntos internacionais sobre drogas, Milton Romani disse que o consumo de entorpecentes nunca é um problema social.

- Punir o consumo é abordar com a lei um problema social e cultural complexo e o resultado será o incremento da violência - opinou.

O uruguaio acrescentou que em seu país o combate ao narcotráfico é focado na repressão à lavagem de dinheiro. Romani disse ainda que no Uruguai os usuários de drogas têm tratamento garantido em toda a rede de saúde, além de terem três centros especializados. Já o traficante, quando configurado o crime, pode ser condenado a uma pena de até 18 anos de prisão.

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