Fonte: Carta Capital
Alunos de escolas particulares utilizam mais drogas que os estudantes do ensino público. O álcool ainda é a droga mais utilizada entre estudantes. Apenas 11% dos estudantes do ensino superior não experimentaram drogas. Esses são alguns dos dados divulgados no evento “Educadores contra o crack”, realizado em São Paulo nesta sexta-feira 5. O evento fez parte da série de debates Diálogos Capitais, organizados pelas revistas CartaCapital, Carta na Escola e Carta Fundamental.
Participaram do debate a secretária-adjunta da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), Paulina Duarte, o médico psiquiatra Datiu Xavier, diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad), Luiz Ratton, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Criminalidade da UFPE, e Thiago Fidalgo, médico da Unifesp e pesquisador da Universidade de Harvard.
Quem abriu o debate é Paulina Duarte, secretária-adjunta da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). Ela fala sobre o primeiro mapeamento nacional do consumo de drogas no Brasil, com enfoque para o crescimento do crack e da invasão do oxi.
Segundo a pesquisa apresentada pela secretária, a utilização regular de drogas é mais comum nas escolas particulares: cerca de 13,6% dos estudantes de colégios privados as utilizam. Entre os alunos de instituições públicas o número cai para 9,9%.
Ainda segundo a secretária Paulina, pesquisa feita entre universidades de 27 capitais aponta que apenas 11% dos estudantes do ensino superior nunca experimentaram drogas.
O álcool é a droga mais utilizada entre os estudantes: 42% dos ouvidos pelas pesquisa dizem consumi-lo ao menos uma vez por ano.
Na sequência, o médico Dartiu Xavier, psiquiatra e diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad), dissertou sobre o tratamento e prevenção.
Xavier informou que 77, 3% dos dependentes de drogas dos grupos de pesquisas que coordena possuiam depressão anterior ao uso e começaram a utilizá-las para justamente um auto-tratamento de uma depressão muitas vezes não diagnosticada. “A maioria dos pacientes começa a se drogar para se auto edicar, usa o álcool como se fosse um remédio”, disse. Ele também é totalmente contra internação compulsória. “Pessoas que sao internadas contra a própria vontade tem 90% menos chance de sucesso daqueles que são internados porque querem”, afirma.
O médico também se declarou que, entre os dependentes químicos que participam de sua pesquisa, apenas 35% se curou, sendo que, desses, 10% se curou sozinho. É importante, no entanto, dar uma resposta para esses 65% que não tiveram a dependencia resolvida. “Existe uma série de estratégias para que dependentes usem drogas de uma forma menos prejudicial, uma política de redução de danos”.
Luiz Ratton, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Criminalidade, Violência e Políticas Públicas de Segurança da UFPE e assessor especial do governo de Pernambuco para Planejamento Estratégico de Ações de Segurança, informou que 70 mil pessoas presas tinham sido presas no País vinculadas a uma situação de venda de pequenas quantidades de drogas, sem antecêdência criminal e sem armas de fogo.”Isso pode ter efeito perverso de ampliar universo prisional. A saída encarceradora pode gerar problemas posteriores muito grandes (nesses casos), não resolve o problema”.
Já Thiago M. Fidalgo, psiquiatria, coordenador do setor de adultos da Unifesp e pesquisador da Universidade de Harvard (EUA), falou sobre o óxi, droga derivada do crack que está ganhando força rapidamente entre os adeptos. E alerta para o rápido efeito que a droga tem no organismo. “O tempo de início de ação da cocaína é de 15 minutos. O crack chega ao cérebro em 3 minutos. O oxi tem efeito de apenas 1 minuto”, diz.
A moderação do debate foi feita por Rogério Tuma, médico e colunista de CartaCapital
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