Fonte: Caros Amigos
Ato que busca debater a legalização da droga enfrenta proibição judicial em São Paulo. No Rio de Janeiro, quatro militantes foram presos por panfletar sobre o tema
Por Otávio Nagoya
Sob a vigia de dois guardas da Polícia Militar, os militantes que estão organizando a Marcha da Maconha iniciaram uma panfletagem, na tarde da sexta-feira (29/4), em frente ao prédio do Tribunal de Justiça, na Praça da Sé. Segundo Lucas Gordon, organizador da Marcha da Maconha-SP e membro do coletivo Desentorpecendo a Razão (DAR), “a ideia de fazer um ato em frente ao TJ é uma pressão para que não houvesse mais uma vez a proibição da marcha aqui em São Paulo”.
A atividade também é uma resposta às arbitrariedades que ocorreram no Rio de Janeiro, no dia 22 de abril, quando quatro militantes da Marcha da Maconha foram presos por entregarem panfletos aos cidadãos cariocas. “Isso demonstra como a polícia é uma instituição que funciona meio a parte do resto. Não existe uma jurisprudência, nem nada que diga que panfletar sobre a marcha da maconha é apologia. Isso surge da cabeça de um delegado”, critica Gordon. Ao lado de uma faixa da Marcha da Maconha-SP, os manifestantes seguravam um cartaz com os seguintes dizeres: “4 presos no RJ por fazerem o que estamos fazendo agora”.
Após 20 minutos de panfletagem, os policiais militares pediram aos manifestantes para se afastarem do prédio do TJ, alegando que é uma área de segurança. Mesmo distantes do TJ, a panfletagem chamou bastante atenção de quem passava pela Praça da Sé - as pessoas observavam as faixas e muitos pediam os panfletos aos manifestantes.
O trabalhador Bruno Tanganelli passou pela panfletagem e aprovou o ato, “quem é a favor tem que lutar por isso, o pessoal precisa aparecer mesmo na Marcha da Maconha. A proibição é mesquinha e inútil”. Sobre as prisões que ocorreram no Rio de Janeiro, Bruno critica, “a prisão é um absurdo, o pessoal só está expressando uma opinião a favor da legalização. Agora você não pode mais falar que é preso por apologia ao crime, sem justificativa nenhuma”.
A trabalhadora Rita de Cássia Paz também passou pela Praça da Sé, e mesmo sendo contra a legalização da maconha, parou para conversar com os manifestantes. Quando foi informada das prisões no Rio de Janeiro, Rita de Cássia brincou, “então vou devolver esse panfleto, não posso ser presa”. Apesar da brincadeira, Rita de Cássia comentou com seriedade o ocorrido, “a liberdade existe para você dizer livremente o que pensa, sou contra o que vocês estão pregando, mas nem por isso quero prender ninguém. Essas pessoas estão presas, mas a ideia ainda está funcionando, parece que eles não entendem isso”.
“Estamos em uma democracia, um regime que, teoricamente, é aberto e tudo pode ser debatido, mas estranhamente, existe um assunto altamente criminalizado”, analisa Lucas Gordon. Nos próximos dias, os militantes da Marcha da Maconha-SP esperam o resultado do pedido de um Habeas Corpus para que a Marcha da Maconha possa ser realizada, no dia 21 de maio, no vão livre do MASP, em São Paulo. O ato enfrenta uma proibição judicial decorrente de um processo aberto em 2009.
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