quinta-feira, 17 de março de 2011

Jovens estão a consumir menos drogas ilícitas, mas bebem cada vez mais

Fonte: Renascença.pt

Ao Instituto da Droga e da Toxicodependência chegam cada vez mais pedidos de ajuda. Hoje, em Lisboa, analisa-se as acções que têm sido desenvolvidas, ao nível europeu, no âmbito do combate à toxicodependência.

Ao Instituto da Droga e da Toxicodependência chegam cada vez mais pedidos de ajuda. Hoje, em Lisboa, analisa-se as acções que têm sido desenvolvidas, ao nível europeu, no âmbito do combate à toxicodependência.

“Uma busca activa da bebedeira, da embriaguez, da intoxicação etílica. Sempre fomos um país de bebedores excessivos, mas os padrões de consumo eram diferentes, mais distribuídos ao longo da semana e sem os picos de consumo a que hoje se assiste, sobretudo aos fins-de-semana e ocasiões festivas”, indica João Goulão.

O consumo de álcool começa, muitas vezes, aos 12, 13 anos e atinge todas as classes sociais. A tolerância com que a sociedade olha para o abuso do álcool é criticada pelo presidente do IDT.

“Enquanto as famílias ficam muito aflitas e assustadas se detectam que há o consumo de uma qualquer substância ilícita por parte dos seus filhos e são capazes de buscar activamente respostas ao nível do tratamento, em relação ao álcool há uma grande complacência e em alguns casos algum incentivo - 'o meu filho já é um homenzinho, já se embebeda'. Há uma atitude social que ainda é muito complacente”, sustenta João Goulão.

Certo é que, aos hospitais, chegam cada vez mais casos de cirroses hepáticas em pessoas com menos de 30 anos. E ao IDT, que desde há três anos passou a ter responsabilidades também nesta área, chegam cada vez mais pedidos de ajuda.
A maior parte deles é, contudo, de pessoas mais velhas: “Normalmente, a assumpção de que o consumo é problemático ocorre mais tarde na vida”, refere João Goulão, precisando que estes casos surgem “a partir dos 30”.

Para inverter esta situação, há que agir “na vertente preventiva e de informação, pela educação, pelo conhecimento dos riscos envolvidos, das consequências, da mortalidade envolvida”, defende o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência.

O presidente do IDT defende igualmente uma maior e melhor fiscalização da venda de bebidas alcoólicas a menores e a autorização dessa venda a partir apenas dos 18 anos.

Portugal com menos consumo de drogas ilícitas

Os diversos indicadores do consumo de droga em Portugal são positivos, revela à Renascença o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência.
“Diria que o mais relevante é uma diminuição do uso de todas as substâncias ilícitas por parte do grupo etário mais jovem – particularmente patente no grupo dos 15 aos 19 anos”, indica.

Além da diminuição do consumo, existe um grande número de pessoas em tratamento – “toxicodependentes que se aproximaram dos dispositivos disponíveis e que aderiram ao tratamento”.

“Temos hoje à volta de 40 mil pessoas em tratamento”, afirma ainda João Goulão, que destaca ainda, como positivo, a diminuição “muito significativa dos crimes aquisitivos, do impacto ao nível da pequena criminalidade aquisitiva”, isto é, baixou “a quantidade do número de substâncias apreendidas pelas forças policiais e aduaneiras”

Lisboa palco de debate sobre luta contra a toxicodependência

A evolução do consumo de droga e as medidas a tomar para enfrentar o fenómeno vai estar hoje em análise na 5ª edição da “Acção Europeia sobre a Droga” (“European Action On Drugs” – EAD), organizada pela Comissão Europeia e que decorre em Lisboa, no centro Jean Monnet.

Trata-se de uma iniciativa concebida para permitir à sociedade civil europeia aumentar a sensibilização e o empenho dos cidadãos face à droga e aos riscos associados ao consumo de drogas, promovendo o diálogo e o intercâmbio das melhores práticas.

A AED é “dirigida, sobretudo, a organizações não-governamentais, mas também a organizações dos diversos Estados, que desenvolvem a sua actividade na área da prevenção das toxicodependências ou que, de alguma forma, contribuem para a diminuição do impacto deste fenómeno na vida social dos diversos Estados-membros”, explica João Goulão.

“Aquilo que vai acontecer é a assinatura de compromissos por parte de diversas instituições, que assumem o compromisso de desenvolver acções que contribuam para a inversão da importância do fenómeno de substâncias psico-activas”, conclui o presidente do IDT.

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