domingo, 14 de novembro de 2010

Advogado de ex-goleiro Bruno assume ser viciado em crack

O advogado do ex-goleiro Bruno Fernandes, Ércio Quaresma, admitiu ser viciado em crack e que está fazendo tratamento para se livrar da dependência, apesar de assumir algumas recaídas.

"Sou dependente de crack há sete anos. Estou me tratando com o maior psiquiatra do País em dependência química, e tive algumas recaídas. Mas nunca entrei num plenário doidão", afirmou.

Quaresma, 46 anos, diz que o vício começou com maconha. Em 2003, começou a usar crack. Agora, no foco do caso Bruno, em que adotou a tática do enfrentamento (ridicularizando delegados, promotores e a própria vítima, Eliza Samudio), despertou a ira de desafetos. A ponto de um suposto vídeo, em que ele apareceria consumindo crack numa boca de fumo de Belo Horizonte, ter aparecido. A imagem não foi ao ar, mas o advogado já tem a resposta na ponta da língua: "Se fumo, cheiro ou dou a bunda, o problema é meu". Uma frase que ele já disse ao vivo em um programa de TV. "Prefiro falar ao vivo, porque não tem como cortarem o que estou dizendo", afirma.

Foi em uma recaída que o teriam filmado usando crack, dia 29 de outubro. "Sei disso, fizeram lá na (favela) Ventosa. Tô ligado! Mas quantas e quantas vezes fiquei doidão, jogado pelos cantos das cracolândias? Em Brasília eu apaguei, me roubaram anel, relógio, tudo".

Jogador autorizou Quaresma a controlar suas finanças
Seus honorários já lhe renderam um saque de mais de R$ 200 mil da conta bancária do goleiro. "Não é 5% do que cobrei", disse. Além de depositar sua liberdade nas mãos de Quaresma, Bruno também deixou com ele a autorização de controlar toda a sua vida fora da cadeia. E o advogado fez questão de registrar isso no depoimento do goleiro à Justiça.

Apesar do histórico e das confusões desde que assumiu a causa, em julho, a confiança do goleiro no advogado parece inabalável. "Ele só me pediu que não brigasse com a dona Estela e com a Ingrid", disse, referindo-se à avó, a quem Bruno chama de mãe, e à noiva.

O apelo não adiantou, e Quaresma se desentendeu com a dentista, que chegou a gravar conversa em que ele falava em tom ameaçador. "Não sou advogado do diabo, eu sou o diabo". Ele afirma que só quis dizer ser "feio igual o diabo".

Mas o advogado do goleiro, que tanto se vangloria, tem derrotas clássicas no currículo. Ele trabalhou no caso da missionária americana Dorothy Stang, morta em Anapu, no Pará, em 2005. Seu cliente, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado a 30 anos de prisão. A notoriedade do polêmico advogado, no entanto, veio antes disso, no julgamento dos PMs acusados do massacre de 19 sem-terra em Eldorado dos Carajás, também no Pará, em 1996. ¿Absolvi seis com 19 corpos no chão¿, disse.

Ex-policial civil, entre 1986 e 89, Quaresma diz ter sangue de polícia. Chegou a defender alguns de graça. Tanto conhecimento lhe valeu uma investida política, em 94, quando se candidatou ao governo mineiro, mas perdeu com 124 mil votos. Ainda assim, foi através dessas boas relações que chegou ao Caso Bruno. O advogado é amigo particular do homem apontado como o carrasco de Eliza, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário