Opção ainda irá a tempo de ser incluída no Orçamento de Estado para 2011?
Só hoje, em Portugal, as notícia dizem que a Polícia apreendeu 60 quilogramas de haxixe nas zonas de Odivelas, Amadora e Sintra, e mais 3100 doses de cocaína na Madeira. Não seria caso para o Governo socialista de José Sócrates fazer algo semelhante ao que está em estudo na Califórnia, EUA? Ou seja, procurar equilibrar as suas contas (as públicas, entenda-se) legalizando algumas drogas e, dessa forma, ajudar a entrar dinheiro nos cofres do Estado?
De facto, com um défice de 14 mil milhões de euros – Portugal anda lá perto - a Califórnia já fez as contas e chegou à conclusão que a legalização da canábis, ou haxixe, poderia significar cerca de mil milhões de euros por ano para os seus cofres. É claro que, pelos EUA, o assunto ainda vai a referendo no dia 2 de Novembro. Mas, em Portugal, se calhar bastaria colocá-lo no Orçamento de Estado em qualquer renovado Plano de Estabilidade e Crescimento, o PEC.
É só uma questão de fazer contas. No início deste mês, a Polícia Judiciária apreendeu 1 736 quilos de cocaína e deteve cinco brasileiros, suspeitos de pertencerem à rede de tráfico responsável pela entrada da droga em Portugal.
O grupo usou 10 contentores, declarando que transportavam gesso, para transportar a cocaína entre o Brasil e o Porto de Leixões. Daí, por via terrestre, os contentores foram levados para a zona industrial do Montijo, para uma empresa que estava em nome dos detidos.
Dando seguimento a uma investigação que se prolongava há seis meses, a Judiciária acompanhou todo o processo, actuando apenas quando os contentores chegaram a seu destino, na margem Sul do Tejo.
A Judiciária disse que se trata da maior apreensão de cocaína feita em Portugal nos últimos anos e acredita ter actuado contra uma importante rede internacional, com grande capacidade financeira.
Além disso, o Governo socialista ganharia mais um vasto leque de simpatizantes. Quem não se recorda de, no passado dia 8 de Maio, Lisboa ter sido palco de uma marcha pela legalização da marijuana, defendendo um "comércio regulado" e o "respeito pela liberdade" individual?
Como na altura afirmou Pedro Pombeiro, porta-voz da Marcha Global da Marijuana (MGM) de Lisboa, "legalizar permite criar regras, vender em locais próprios, a maiores de idade, fiscalizar". Se fosse hoje acrescentaria certamente que também poderia ser um bom contributo para diminuir o défice do país.
Convenhamos que se Ricardo Rodrigues, deputado do Partido Socialista, vice-presidente do Grupo Parlamentar e membro do Conselho Superior de Segurança Interna, pode furtar (ele chama-lhe “tomar posse”) gravadores a jornalistas, também é justo que quem quiser possa comprar, pelo menos numa primeira fase, marijuana. Com a vantagem de a “tomada de posse” nada render para os cofres do Estado socialista, ao contrário do haxixe.
A ilegalização "é um desperdício de recursos que ao mesmo tempo não respeita a liberdade das pessoas de escolherem fazer uma coisa que não faz pior do que muitas outras que são legais", argumentou na altura, e muito bem, Pedro Pombeiro.
Se calhar faz muito mais mal à humanidade ter Ricardo Rodrigues como deputado, vice-presidente do Grupo Parlamentar socialista e membro do Conselho Superior de Segurança Interna, e a verdade é que ele continua por aí impávido e sereno.
"Enquanto consumidores, achamos que era bom contribuirmos com impostos para um comércio legal e regulado, em vez de estarmos na clandestinidade, na ilegalidade porque decidimos fumar charros em vez de beber uma imperial", exemplificou Pedro Pombeiro.
É isso aí. Se uns podem beber sem problemas umas dúzias de imperiais, finos ou cervejas, se até se pode afanar gravadores sem problemas, porque carga de chuva não é possível fumar uns charros?
Se calhar o ideal até seria fazer tudo ao mesmo tempo: fumar uns charros, beber umas imperiais, roubar uns gravadores e ser deputado.
Nesse dia os manifestantes transportavem cartazes onde se lia: "Proibição não é solução" ou "O tráfico é contra a legalização da cannabis, e você?". Na próxima manifestação outro cartaz dirá: “Legalizar ajuda a diminuir o défice”.
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