sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Maconha terapêutica no tratamento do pior tipo de câncer de mama

do Sem Fronteiras

1. Segundo levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Complutense de Madrid referentes a câncer em mulheres, os tumores de mama representam 30% dos diagnósticos.

O grande problema, segundo os cientistas envolvidos na  pesquisa,  é que em um terço dos tumores de mama estão presentes os chamados receptores ErB2. Vale dizer: tumores dos mais agressivos e, com relação à portadora, a causar poucas chances de sobrevivência. Em especial, “quando encontradas células pouco diferenciadas, extremamente invasivas  e em condições de se multiplicarem abundantemente”.

A resposta aos tratamentos convencionais é insuficiente, sempre segundo os pesquisadores.

O emprego de anticorpos monoclonais contra os ErB2, última novidade no tratamento, não alcançou resultado  positivo em 75% das pacientes. E em 15% das que conseguiram resposta ao tratamento houve desenvolvimento de metástases.

Diante desse quadro, os cientistas da Universidade Complutense de Madrid foram à luta, em busca de uma nova forma para tratamento contra os ErB2. Partiram de um dado conhecido: os canabinóides, presentes na erva canábica conhecida popularmente por maconha (marijuana), produzirem efeito antitumoral, conforme experiência in vitro .

Em animais teve início um experimento a base do THC (tetra-hidro-canabinol). Tudo com o emprego de um derivado capaz de agir nos receptores celulares para os canabinóides chamados CB2, que não geram efeito psicoativo. Os canabinóides empregados inibiram a proliferação das células tumorais e impediram o aumento dos vasos sanguíneos que irrigam o tumor.

Os pesquisadores lograram demonstrar que os canabinóides agem, também, na gênese dos tumores. Para eles, “o sistema endocannabinóide contribui para manter o equilíbrio interno”. A conclusão que apresentam é a seguinte: “Os resultados constatados fornecem uma evidência pré-clínica a indicar, fortemente, o emprego de terapias à base de canabinóides e isto para o tratamento do tumor mamário ErB2-positivo”.

PANO RÁPIDO. Muitos são os opositores ao emprego médico-terapêutico da maconha. Parecem viver no começo da Idade Média, período de  muitos medos. Aliás, medos causados pela ignorância.

Pior, não conseguem esses opositores  distinguir o uso terapêutico do recreativo.  Como são contrários ao uso lúdico, como se fosse possível uma sociedade sem uso de drogas, acabam por achar que o emprego terapêutico da maconha contribuirá para a sua legalização.

Com tal postura ideológica, ainda se autointitulam doutores. Na verdade, doutores das trevas.

A pesquisa mencionada neste post está publicado na revista científica Molecular Câncer.

Wálter Fanganiello Maierovitch

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