terça-feira, 1 de junho de 2010

Traficantes usam submarinos para enganar Marinha da Colômbia

do G1

Para escapar da vigilância da Marinha da Colômbia, traficantes lançam mão de um veículo de difícil detecção para levar cocaína do país sul-americano para os Estados Unidos: o submarino. Com 60% da produção mundial de cocaína, a Colômbia fabrica, por ano, 600 toneladas da droga –das quais 92% saem pelo mar.

Antes, os traficantes seguiam de lancha até os Estados Unidos –maior consumidor da droga. Para não serem mais capturados na rota do litoral Pacífico da Colômbia, passaram a usar os submarinos.

"É um fenômeno que aumentou muito nos últimos anos", explica Hernando Wills, comandante da Marinha colombiana. De 40% a 45% da cocaína da Colômbia saem por submarino. Na avaliação do militar, a minoria dos veículos é capturada. "Acho que, na melhor das hipóteses, de cada dez submarinos que levam cocaína a gente consegue capturar dois."

Desde que o primeiro foi apreendido, em 1993, houve a captura de 50 submarinos com droga. O militar ressalva que achar os submarinos é muito complicado. Dos helicópteros, o que se busca é o rastro da navegação. “O submarino em si é difícil de ver, porque tem a mesma cor da água. E, com pouca superfície exposta, também fica difícil pegar no radar."

Por isso, a luta é pra encontrar os submarinos ainda em construção. São em regiões de transição entre rio e mar que as patrulhas procuram o que se pode chamar de estaleiros de submarinos clandestinos. Os traficantes constroem dentro da mata,  trazem os submarinos com facilidade até a água e depois vão para o mar aberto.

Os tripulantes são normalmente de regiões pobres do litoral do Pacífico. Jovens pescadores, que desde muito pequenos conhecem o mar. O piloto pode ganhar até R$ 50 mil para uma viagem de desconforto extremo. Numa base da Marinha em Baía Málaga, entre o mar e a selva colombiana, ficam vários submarinos apreendidos.

A equipe do Fantástico entrou em um submarino apreendido em 2006. Com pouquíssimo espaço, ele serve para quatro pessoas: são um piloto, um maquinista, e dois marinheiros. Na parte da frente, iam 8 toneladas de cocaína e os mantimentos da tripulação. Atrás, um motor de lancha comum levava o veículo.

A respiração da tripulação é normal. Não há nenhum sistema de oxigenação. É o ar puro do ambiente que é respirado. O ar entra por dutos, já que os submarinos não afundam totalmente.

A velocidade máxima alcançada é de 40 km por hora. As viagens da Colômbia até a América do Norte chegam a durar duas semanas. "A situação é insuportável, mas eles conseguem", diz Herney Gutierrez, chefe do Estado-Maior da Força do Pacífico.

Evolução

As embarcações apreendidas mostram a evolução dos criminosos. Tudo começou há mais de 40 anos, com o tráfico de maconha em barcos simples. Depois entrou a cocaína, e os barões da droga, como Pablo Escobar, preferiam os aviões. Com o aumento da repressão no ar, surgiram os submarinos caseiros de madeira e fibra de vidro, cada vez mais elaborados.

No ano passado, foram apreendidos cerca de 20; neste ano, porém, até agora foram encontrados só três. A explicação para essa diminuição não é simples. A primeira teoria é que a rota pode ter mudado. Junto com os Estados Unidos, os países do Pacífico compõem uma força de vigilância antidrogas. Mas o equador não fez acordo com os americanos, e os traficantes da Colômbia podem estar saindo rumo ao sul, contornando as ilhas Galápagos, para só então rumar para a América do Norte, longe da vigilância.

Há também uma outra hipótese. "Pode ser que o tráfico esteja tão sofisticado que ele tenha agora submarinos que ficam totalmente embaixo da água. Aí vai ser muito mais difícil pegar", disse Hernando Wills.

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