O cultivo de coca está em alta novamente nos remotos vales do Peru, parte de um reposicionamento importante do tráfico de drogas andinos que está fazendo desse país tropical um candidato para superar a Colômbia como o maior exportador mundial de cocaína.
Redes de tráfico de drogas do México e Colômbia estão ampliando seu alcance no Peru, onde duas facções de guerrilheiros do Sendero Luminoso competem pelo controle do tráfico de cocaína. Os traficantes estão frustrando os esforços de combater o ressurgimento da droga no país e aumentando o espectro de uma violência maior em um país ainda assombrado por anos de guerra.
"A luta contra a coca pode parecer a tentativa de prender o vento", disse o general Juan Zarate, que lidera as campanhas peruanas pela erradicação da coca.
O aumento do plantio no Peru oferece uma janela para um dos aspectos mais inquietantes da guerra financiada pelos americanos contra as drogas na América Latina, que começou de fato há quatro décadas.
Quando as forças antinarcóticos obtêm sucesso em um lugar - como recentemente na Colômbia, que recebeu mais de US$ 5 bilhões em ajuda americana nesta década - o cultivo muda para outras regiões dos Andes.
Isso aconteceu na década de 1990, quando o cultivo de coca mudou para a Colômbia, após bem-sucedidos projetos de erradicação no Peru e na Bolívia. Mais recentemente, os produtores de coca se mudaram para dezenas de novas áreas dentro da Colômbia, após a pulverização aérea em outras áreas.
Estudiosos da guerra andina contra as drogas chamam isso de efeito balão, trazendo à mente um balão que incha em um ponto quando o outro é espremido. O efeito balão - e suas consequências - está completando um ciclo nos vales da selva central do Peru, berço da indústria da cocaína.
No final de abril, uma facção do Sendero Luminoso, grupo rebelde responsável por dezenas de milhares de mortes entre 1980 e 2000 durante sua guerra contra o governo, matou dois erradicadores e um policial em Tingo Maria, na região central do Peru.
O aumento do cultivo no Peru central contrasta com a situação na Colômbia, onde o cultivo caiu 18% em 2008, de acordo com as Nações Unidas. No Peru, o cultivo aumentou 4,5% naquele ano, marcando uma década em que as superfícies cultivadas aumentaram 45% desde 1998.
Apontando para os esforços anêmicos de interdição do Peru, especialistas antinarcóticos em Lima, a capital, afirmam que o país já pode ter ultrapassado a Colômbia nas exportações de cocaína.
O principal assessor do presidente Barack Obama para a política de drogas, R. Gil Kerlikowske, anunciou um plano de combate aos narcóticos em maio enfatizando a prevenção e tratamento nos EUA. Mas o governo deixou o financiamento para projetos de erradicação nos Andes em grande parte inalterado.
A ajuda antinarcóticos americana para o Peru está em torno de US$ 71,7 milhões este ano, ligeiramente acima dos US$ 70,7 milhões do ano passado.
Autoridades americanas antinarcóticos operam de uma base policial recém-expandida no Peru, localizada em Tingo Maria, supervisionando as equipes peruanas que se espalham pelos vales próximos para cortar arbustos de coca com as mãos.
* Por Simon Romero
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