Torna-se inacreditável, considerando-se o curto espaço de tempo, inobstante o seu alto poder, que o crack tenha se espalhado tão rapidamente no País. Depois de inundar as praças e ruas das grandes cidades, penetrando em todos os seus espaços disponíveis, instala-se também nas chamadas áreas de Fortaleza, a exemplo do campo do América, no Meireles, bem próximo a uma delegacia de polícia e ao palácio da abolição. Isso para não se falar na Beira Mar, cartão de visita da capital ou outros lugares importantes como os próprios colégios. Audiências são realizadas na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa, criam-se entidades específicas no combate as drogas, inclusive nos subúrbios das cidades e até mesmo as ONGs de existência tão duvidosa quanto aos resultados do trabalho que desenvolvem, enquanto a polícia dispõe de departamento específico para cuidar da questão sem que, contudo, tenhamos à vista somas práticas de suas ações. E cada vez mais se avoluma a onda avassaladora do crack indiferente à existência desses aparelhos instituídos para combatê-lo. Não é difícil encontrar nas esquinas ou nas localidades menos frequentadas, grupos de menores comercializando e ao mesmo tempo consumindo a droga. Do mesmo modo o quadro se reflete no país inteiro, ganhando as serras, embrenhando-se pelos sertões.
Chegam as vilas e vilarejos, entra pelos cerrados e grotões e já se infiltra nas plantações contaminando os lavradores e os núcleos agrícolas, roubando assim a inocência de adolescentes e abusando da ignorância daqueles que cuidam da terra. Gente rica e gente pobre, de paletó e gravata ou pés no chão, enfim, todas as classes sociais são importunadas. E, pior. É que se trata de uma droga fácil para ser adquirida. Subproduto da cocaína, nem mesmo os traficantes se empenham tanto em seu negócio. Seu preço é baixo em comparação aos demais entorpecentes que são importados e exportados, conforme a pauta de negociação dos traficantes responsáveis pela sua criminosa transação. Basta esclarecer que segundo revela uma pesquisa, dos trinta a quarenta por cento das drogas retiradas de circulação, apenas de dois a três por cento são oriundos da venda do crack. À luz desta amostragem bem que se pode imaginar o elevado índice de sua criminosa circulação. Enquanto isso, uma outra estimativa de especialistas admite que um milhão e duzentos mil brasileiros recorrem às drogas, somando-se a outros levantamentos em poder de senadores e deputados que constituem no Congresso Nacional a frente parlamentar mista de combate ao crack. É oportuno igualmente assinalar que a delegacia de narcóticos da capital avalia que só apreensões de drogas cresceram 75% nos anos 2008 e 2009. Tal como é lógico afirmar que se impõe a urgente necessidade da integração de ações no enfrentamento as drogas, pois, somente com esta decisão de unificação obter-se-á resultado positivo porquanto não haverá dispersão de empenho e de vontades o que assegura uma situação mais tranquila. Vale também lembrar de modo como ocorreu no Congresso Nacional, a iniciativa despertou o Planalto que lançou o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras drogas, o que em síntese socorre a ideia de todos formando e lutando num só sentido.
Não se pretende (nem de longe) a despeito das observações que refletem uma tarefa comum, impedir as campanhas que venham a surgir e quantas estão em andamento como "Vida Quero Mais Vida" da comunidade Shalom. Nada disso.
Aí está também o Projeto Quatro Varas, um apoio aos jovens que os recolhe para diversos tipos de atendimento, inclusive terapêutico e os encaminha a instituições que trabalhem as suas necessidades a fim de que sejam atendidos de maneira conveniente. "Vida que te quero viva" em Sobral é outro centro merecedor de referência, servindo de exemplo aos demais municípios interioranos. São portanto entidades possuidoras de tradição e crédito com diretrizes claramente delineadas, podendo portanto, se juntar com o que já vem sendo realizado na ingente tarefa de combate às drogas, sendo um forte aliado a um novo modelo de ações objetivando conter os avanços desencadeados de grupos identificados com o narcotráfico. Resta finalmente agir e urgentemente.
CHICO ALVES
jornalista
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