Ao fim de quatro anos sem ver luz sobre as suas reivindicações, os cidadãos que promovem a Marcha Global da Marijuana vão constituir-se em associação. Nem os políticos circunstanciais que aparecem lhes têm valido. Querem a legalização da canábis.
Ontem, a MGM do Porto não quis saber de coincidências temporais. O 1.º de Maio é de todos e nem as ruas "alugadas" por partidos e sindicatos demoveram a vontade de marchar pela marijuana. Uma marcha estática, mas não parada, encheu a praça do Marquês de uns três milhares de pessoas em manifestação pela legalização da canábis.
O movimento mundial guardou sempre o primeiro sábado de Maio para esta marcha. Este ano, calhou no dia do trabalhador. Foi dada a escolha às organizações locais. Lisboa guardou-se para o próximo fim-de-semana. O Porto avançou ontem, no sítio do costume. Assim, "dá para ir às duas" e fazer mais barulho, conta Carla Fernandes, da organização.
Ao som de reaggae, o retrato é o de sempre. Os dread, este ano pontuados pelos asteriscos da moda, os reformados, as cartas, o sol, o cheiro a charros, os "berlaite" a passar entre dedos, o amarelo-vermelho-verde do "tá-se bem", aos incontornáveis dejectos de cão ontem amassados pelo mesmo "tá-se bem", uma planta de marijuana em plástico, uns óculos em forma da folha dela, um velho endiabrado a gritar poesia.
Na mente, o desejo de fazer mais. "Enquanto movimento de cidadãos, em quatro anos não teve qualquer resposta", nem "um projecto apresentado no Parlamento", apesar de quatro cidades saírem à rua uma vez por ano, explica Carla. Daí a ideia de criar uma associação. Para ganhar "capacidade de intervenção" e "peso político". Quando? "Muito em breve". Até lá, a palavra de ordem é fazer monte. No Marquês ou onde for. E conviver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário