Embora os homens ainda apresentem um maior consumo de álcool do que as mulheres, estas têm sido vítimas cada vez mais frequentes dos problemas associados ao uso abusivo desta substância.
É notório que elas estão consumindo mais bebidas alcoólicas e com maior frequência, muitas vezes seguindo um padrão de consumo de álcool considerado perigoso, conhecido como “binge drinking”, ou seja, a ingestão de quatro ou mais doses alcoólicas em uma mesma ocasião.
Paralelamente, esse comportamento pode provocar consequências negativas à saúde da mulher, como comportamento sexual de risco e abuso de álcool durante a gravidez.
Em se tratando de saúde da mulher, a relação do consumo de álcool com o desenvolvimento de câncer de mama é outro tema preocupante. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas.
Somente no ano de 2007, foram 11.194 mortes devido a este tipo de câncer no País, que é o mais comum entre as mulheres e o segundo tipo mais freqüente no mundo. O Inca ainda prevê que 49.240 novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados em 2010.
Nos últimos 20 anos, pesquisas têm abordado essa associação e uma revisão científica publicada recentemente no Breast Cancer Research traz uma nova perspectiva sobre o assunto.
De modo geral, há evidências consistentes de que mesmo o consumo moderado de álcool, algo em torno de 10 gramas por dia aumenta o risco de câncer de mama. Para se ter uma ideia do que isso representa, uma dose de bebida alcoólica contém de 8 a 13 gramas de etanol, o que equivale a 285 mililitros de cerveja, 120 ml de vinho ou 30 ml de destilado (uísque, vodka ou pinga), de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em uma análise combinada de 53 estudos epidemiológicos, verificou-se que haveria um aumento de 7,1% no risco de desenvolver câncer de mama para cada aumento de 10g no consumo diário de álcool. Outra análise, com dados de seis estudos, demonstrou que o consumo maior ou igual a 40g de álcool/dia estava relacionado a um aumento de quase 70% no risco de desenvolver o câncer de mama, em comparação ao grupo abstêmio.
No entanto, o mecanismo de ação pelo qual o consumo de álcool aumenta o risco de câncer de mama ainda permanece desconhecido. O que existe atualmente, contudo, são evidências de que o álcool influencia as vias de sinalização do estrógeno, hormônio fortemente associado ao câncer de mama. Portanto, recomenda-se a adoção de hábitos saudáveis, como redução do tabagismo, do uso de álcool, da obesidade e do sedentarismo.
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