segunda-feira, 29 de março de 2010

A Ragga foi tentar descobrir os segredos do Santo Daime

20100326151224478da Revista Ragga

A apenas 30km de Belo Horizonte, tão próximo à metrópole e, ao mesmo tempo, tão distante do caos urbano, uma vila incrustada em meio às serras mineiras, abriga uma comunidade que escolheu a natureza como cotidiano. Na Mata do Engenho, localizada no distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, 80% dos moradores são adeptos do Santa Daime. Lá vivem o joalheiro André Freitas, 38 anos, a esposa, a estilista Carolina Bicalho, 29, e a pequena filha Liz.

Ele, fardado, como são nomeados os que seguem totalmente a religião, ela simpatizante, oficialmente seguidora do hinduísmo. André, que há sete anos é membro da religião surgida no Acre, por volta da década de 20, criada pelo seringueiro maranhense Raimundo Irineu Serra, afirma que depois de aderir ao Santo Daime e se mudar para Macacos pôde encontrar a paz.

A lenda revela que o Mestre Irineu recebeu a doutrina a partir de uma visão da Virgem Maria, quando, enfermo, nas entranhas da Floresta Amazônica, bebeu a Ayahuasca, um chá natural, aplicado para fins terapêuticos, por índios curandeiros do Peru. O nome da religião vem de aclamações a Deus, dai-me luz, daí-me força, daí-me amor.

A história moderna da Ayahuasca começou em 1851, quando o botânico inglês R. Spruce noticiou o uso de bebidas intoxicantes entre os índios Tukanoan, no Brasil. As principais religiões deste módulo, que utilizam a bebida nos rituais, incluem a UDV (União do Vegetal), a Barquinha, o Alto Santo e a Cefluris, ou seja, Igreja do Culto da Fluente Luz Universal, sigla para esotérico nome oficial do Santo Daime, simbolizado pela estrela-de-davi e uma cruz com dois braços horizontais, o que, para os fardados, representa a volta de Cristo à Terra.

Preparado a partir da fervura do cipó jagube e da folha chacrona, plantas típicas da região amazônica, a bebida possui efeitos psicoativos. O princípio químico da Ayahuasca é formado por um conjunto de alcalóides que agem diretamente no sistema nervoso central, produzindo reações que a religião chama de miração e a psiquiatria denomina alucinação. [...]

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