Do Zero Hora
Carlos Salgado, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos Sobre Álcool e outras Drogas
Para o presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), o psiquiatra gaúcho Carlos Salgado, a Lei Seca não fracassou, mas precisa que as barreiras de fiscalização sejam retomadas para voltar a ser respeitada como no início, em 2008. A seguir, trechos da entrevista:
Zero Hora – Segundo a pesquisa divulgada ontem, 51% dos que beberam em bares da Capital admitiram dirigir. Ao mesmo tempo, 63% se disseram favoráveis à Lei Seca. Como se explica isso?
Carlos Salgado – A relação com o álcool, assim como acontece com o tabaco, é marcada pela ambivalência. As pessoas sabem que faz mal, que podem se acidentar ou até desenvolver uma cirrose, mas, ao mesmo tempo, dizem que dá prazer, que precisam beber para se divertir. É essa ambivalência que está por trás disso.
ZH – Por que as campanhas de conscientização e mesmo a Lei Seca não conseguem pôr um fim ao problema?
Salgado – Muitas campanhas são apenas jogos de palavras e são limitadas. O que precisamos são programas bem estruturados e completos. A fiscalização é a chave de tudo. Na Europa é assim, e as pessoas sabem até onde vão os limites.
ZH – O senhor considera a Lei Seca um fracasso?
Salgado – A Lei Seca é excelente e tem apoio da comunidade. O erro foi parar a fiscalização. No início, quando as barreiras eram comuns e rigorosas, foi um sucesso. Até os índices de acidentes caíram. E é uma medida simples. Basta haver vontade política e investimento. Mesmo sendo caro, vale mais gastar em prevenção do que arcar com os custos dos acidentes. Quando as blitze voltarem a ser sistemáticas, as pessoas vão mudar de comportamento.
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