A expansão do consumo do crack, no País, chegou ao limite máximo, a ponto de mobilizar a Secretaria Nacional de Segurança Pública para a formação de uma força-tarefa capaz de enfrentá-la. A decisão foi anunciada durante o último encontro da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, um fórum privilegiado no qual são avaliados os efeitos, as consequências e a intervenção do aparelho policial repressor sobre os entorpecentes.
O crack, produzido a partir do lixo da cocaína, vem alterando com enorme rapidez o mercado de consumo de substâncias químicas, promovendo, ao mesmo tempo, estragos de proporções gigantescas no organismo dos consumidores, em razão de seus efeitos danosos à saúde. Sobre seus malefícios não há termos de comparação com as demais drogas ilícitas. Agravam a demanda por assistência médico-hospitalar quando os casos já alcançam o estágio avançado de morbidez.
Uma das últimas drogas a surgir entre os dependentes, o crack também inverteu a estratégia de distribuição utilizada no comércio da cocaína ou da maconha, cuja venda se realiza em pontos fixos, promovendo o seu preço a própria seleção da clientela. Substância popular, difundida entre a baixa renda, a venda do crack ocorre nas vias públicas, nas praças e no entorno dos grandes pontos de aglomeração, por baixo preço. A dependência se processa em tempo recorde. A recuperação exige longo tratamento de desintoxicação e de reequilíbrio emocional, custo elevado. E há grande desistência.
A devastação nos seres humanos promovida pelo seu vício se iniciou pelos grandes centros urbanos, espalhando-se, em seguida, pelas pequenas e médias cidades, por conta das facilidades de seu comércio.
A força-tarefa, em fase de organização no Ministério da Justiça, será integrada por policiais civis, militares e de guardas civis municipais. Ela vai procurar desenvolver, inicialmente, um "know-how" para o combate ao crack. De posse de conhecimento mais aprofundado sobre seus efeitos letais e as técnicas de enfrentamento do comércio e do consumo, começará uma segunda etapa: a do combate ostensivo à droga.
Há previsão de custos de R$ 8 bilhões para a implantação desse programa, por parte do governo federal, enquanto Estados e Municípios entrariam com uma contrapartida de menor porte e a infraestrutura indispensável ao desmonte dos grupos responsáveis pela destruição especialmente de jovens induzidos ao uso da droga.
Enquanto esse será o plano repressivo, o número de centros de tratamento médico dos dependentes de substâncias químicas é insignificante em relação ao contingente de viciados, de modo especial, de adolescentes. A droga em expansão piora a sua qualidade. Por consequência, agrava o perfil do drogado. Os últimos registros de ocorrências policiais no Ceará, com o sacrifício de vidas humanas, têm as drogas no centro dos acontecimentos, especialmente o crack, cujo consumo é alimentado, em maior escala, pelos jovens atraídos pelos atravessadores. Qualquer ação intentada nessa área, para obter sucesso, além da força-tarefa policial, dependerá do engajamento da família, da escola, das igrejas e do voluntariado motivado para as tarefas sociais.
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