domingo, 7 de março de 2010

É preciso "convencer o Estado" a comparticipar medicamentos - Sociedade Portuguesa de Pneumologia

Do I Online

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia defendeu hoje a necessidade de “convencer” o Estado a assumir a comparticipação dos medicamentos para deixar de fumar, numa altura em que está em discussão o novo regime de comparticipações do Estado.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Carlos Robalo Cordeiro, congratulou-se pelo facto do novo estatuto do medicamento, aprovado em Conselho de Ministros, já incluir estes fármacos de cessação tabágica.

“A medicação é cara e acaba por ser um fator de desmotivação para deixar de fumar”, disse à agência Lusa o pneumologista, argumentando: numa fase em que se está a discutir o novo sistema de comparticipações, é “necessário convencer o Estado a assumir esta comparticipação”.

E, segundo Robalo Cordeiro, há “formas de convencer” o Estado, nomeadamente a poupança que esta medida iria permitir em termos de gastos com a saúde, uma vez que o tabaco é o “principal responsável” pelas doenças respiratórias.

“Mais de 80 por cento dos doentes com cancro do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crónica fumam”, o que representa elevados custos para o Estado, elucidou, exemplificando que os gastos com as doenças respiratórias rondam anualmente os 600 milhões de euros.

Os custos das hospitalizações e tratamentos de ambulatório, relacionados com o tabaco, também são muito altos: mais de 500 milhões de euros por ano, acrescentou.

Por outro lado, há uma elevada mortalidade associada a estas doenças, estimando-se que morram anualmente em Portugal cerca de 12 500 pessoas devido ao do fumo do tabaco.

“Há diversos argumentos para convencer as autoridades, nesta fase de discussão pública, a assumir aquilo que poderá ser, a partir de agora, uma realidade: a comparticipação destes medicamentos”, comentou.

Para o especialista, “é um passo importante” que devia ser tomado em 2010, que foi declarado pelo Fórum das Sociedades Respiratórias internacionais como o Ano Internacional do Pulmão.

Esta decisão foi tomada para “influenciar a tomada de medidas” contra o tabaco e para que este tema esteja presente nas agendas políticas e científicas pelo “peso que tem e pelo pouco apoio oficial que estas doenças têm tido”.

Carlos Robalo de Almeida, que também preside o grupo científico da Sociedade Respiratória Europeia que se dedica ao estudo e investigação da patologia intersticial pulmonar, lamentou que o Plano Nacional de Saúde 2010/2016, que está em discussão, não inclua a luta contra o tabaco como uma “área estratégica”.

“O mais importante é dar apoio ao fumador”, não apenas com medidas punitivas e cargas fiscais, mas também “incentivá-lo pela positiva a deixar de fumar”, informando-o sobre os benefícios para a saúde, economia e qualidade de vida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo passivo é responsável por 600 mil mortes prematuras por ano.

A OMS alertou recentemente que apenas 5,4 por cento da população mundial está protegida por leis que proíbem o fumo em espaços públicos. Só 17 países instauraram até agora uma legislação que protege os não fumadores.

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