terça-feira, 8 de maio de 2012

Suspeito de ligação com o tráfico cuidará de viciados

Fonte: O Dia

Instituto Vida Renovada, do pastor Marcos Pereira, foi escolhido pelo estado para receber R$ 1,296 milhão por ano para manter clínica gratuita para drogados

ONG comandada por pastor investigado por associação para o tráfico de drogas poderá receber R$ 1,296 milhão por ano do governo estadual para reabilitar dependentes químicos. O Instituto Vida Renovada, do pastor Marcos Pereira da Silva, 55 anos, é um dos sete selecionados pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos para administrar clínicas públicas.

O religioso é investigado pela Delegacia de Combate às Drogas (DCod) no inquérito 902-00048/2012, que apura denúncias de seu envolvimento com o tráfico. As acusações foram feitas pelo líder do AfroReggae, José Jr., e pelo pastor Rogério Menezes, seu ex-braço direito. Pereira é fundador da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, responsável pela ONG.

As sete clínicas vão receber, anualmente, R$ 10,3 milhões do governo. Elas foram apresentadas pela secretaria como solução para o problema revelado por O DIA domingo: das três unidades de atendimento gratuito a viciados, uma fechou e duas funcionam precariamente. Enquanto isso, mil pessoas aguardam internação.

O resultado do processo de seleção do edital 001/2012 da Secretaria de Assistência Social foi assinado pelo coordenador Leonardo Costa, e divulgado no site do órgão em 30 de abril. Lá consta que o Instituto Vida Renovada é uma das duas ONGs que vai atuar em 12 cidades da Baixada, como Duque Caxias e Nova Iguaçu.

Convênio pode ser revisto

Ao ser questionado sobre os critérios que levaram à escolha do Vida Renovada, o secretário de Assistência Social, Rodrigo Neves, alegou que a ONG do pastor Marcos ‘talvez não assine o convênio com o estado’, dia 28. Na data, o estado anunciará a criação de 320 leitos.

“O instituto apresentou a documentação exigida e o projeto técnico. Entretanto, como há denúncias sobre a idoneidade da ONG, solicitamos aos órgãos competentes informações mais detalhadas”, argumentou Neves. O documento que informa as ONGs selecionadas, porém, diz que, conforme ‘análise jurídica da secretaria’, chegou-se ao ‘resultado final’.

Pastor nega pagamento de bandidos

Em depoimento na Dcod semana passada, segundo a delegada Valéria de Aragão, o pastor Marcos negou as acusações de ligação com o tráfico. Entre as denúncias, Marcos cobraria até R$ 20 mil de bandidos para pregar em favelas e teria se associado a eles em ataques no Rio em 2006.

“Desafio quem tiver provas sobre essas calúnias. Se me beneficiasse (com o tráfico), não moraria em cima da minha igreja (em Meriti). Nosso instituto é idôneo”.

Um comentário:

  1. É um absurdo esta falta de critério para seleção de entidades para cuidar de uma situação tão delicada quanto a dependência química. Não é a primeira vez que se tem problemas com ONGs e as clínicas para tratamento de dependentes químicos. Em 2003 a ONG TAMIM - Tributo a Michele de Moraes foi acusada e maus uso do dinheiro público e respondeu a processo. A Secretaria de Ação Social não aprendeu nada? Associação dos Dependentes Químicos - ADQR

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